30 janeiro 2010
Não queria essa ressaca. Esse gosto de cigarro fumado na boca. Esse dormir quando os outros acordam. Não queria que ele a achasse só gostosa. Mas não queria muito mais do que isso, porque muito mais do que isso não daria certo ser. Queria sair pela rua mas sentia sono ressaca e gosto de cigarro fumado na boca. Acendeu um cigarro de frente para a tela em branco que a encarava, sombria. Sorriu. Fumou. Pensou. Lembrou da noite. Lembrou da noite. Por tantas e tantas vezes naquele dia tudo o que tinha feito era lembrar da noite. Ele assim. Ela na parede. Assim. Difícil não ficar pensando depois. O hoje quase ainda não tinha existido de tanta lembrança forte que o ontem tinha deixado. Resolveu dormir um pouco mais. Preciso ficar quieta. Mas a quietude não gosta dela. A quietude a massacra. A queitude grita no interior do seu ouvido um pagode na rua bem alto que atravessa o vidro da janela do seu quarto. Seu quarto não é imune ao ruído. Ninguém é.
27 janeiro 2010
mensagem do sato - ívios e prazer
Recebi esse email do grande SATO ja faz mais de um mes e, como estive por fora dos emails nesses tempos, só o li agora. Acho que ainda ta em tempo de publicá-lo aqui, em meio a esses dilúvios e enquanto a galera se guarda pra quando o carnaval chegar:
Amigos bons
2009. Ano após ano escrevo alguma parada no fim de ano. Talvez pra acobertar erros futuros ou prazeres passados. Sempre ter em mente. Passar. Livrar a cara. Mandar um basta. Tanto faz. Hoje é quase amanhã e tenho que começar de alguma forma. O fim de ano foi trevas. E no final, nem tanto, nem tanto. O dramaturgo levou 4 tiros, enfrentou a cidade furiosa e permaneceu. Provavelmente mais forte, porém, diferente. O casal perfeito provou a sua inexistência e passou dias nos tribunais do trânsito, antes de ensinar a filha que precisa olhar pros dois lados antes de atravessar. Estão diferentes, mas provavelmente mais fortes. Eu perdi uma grande amiga, sem me despedir, chorar em velas ou recortar fotos de jornal. Perdi e sei que perdi mais ainda, pois não a tinha mais. A distância em cidade grande triplica em dias de chuva. E o celular, quando não toca? E a mensagem quando a gente não manda? A gente depende tanto e reclama mais ainda, mas se conforta no perigo do desleixo. Afinal, a cidade grande faz barulho, a luz faz barulho, o silêncio faz barulho. Precisamos de mais apagões por ano, pra silenciar de verdade e parar de vibrar em repouso.
Eu já acho normal tanta coisa absurda. Todo moleque que vem me pedir grana no farol, acho normal. Acho normal nem procurar nos bolsos alguma moeda. Aquela gente triste que se aborrece depois que acontece alguma tragédia na porta de casa, acho normal. Acho normal não me sensibilizar pela sorte
alheia. A vizinhança que, em berros, desautoriza as leis democráticas de condominio em varais do hall social, acho normal. Acho normal se algum estampido surdo de um tapa ecoar pelos andares abaixo. Tanto nego, que na hora agá, na hora do vamos ver, se esconde no muro dos fundos, acho normal.
Acho normal que tudo é desculpa pra evolução da tolerância. E o que é absurdo afinal?
Temos que aquietar. Tudo é tão veloz e passageiro, o que fica? Temos que aquietar. Reconquistar os dias de descanso, rede, sono e sonho. Acordar por minutos, talvez horas. Acordar vendo a manhã virar dia. Temos que aquietar. Sentir a falta, saber do despreparo, do impróprio. Entender os limites do entendimento. Querer a despedida. Procurar a memoria tranquila e pendurar as fotografias. Temos que aquietar. Perceber os pequenos milagres cotidianos. Dar importância. Receber o recado. Deixar vingar apenas a serenidade. Em pratos quentes. E quando se aquieta assim, não digo pra aceitar a derrota ou
subir em cima do muro ou se tornar um arredio velho rabugento. Quando a nossa alma aquieta, estamos muito mais fortes pra enfrentar os dissabores, as dívidas mal-pagas, os atrasos da incoveniência. Libertos pra revolucionar a vizinhança com idéias mirabolantes, livros novos e gargalhadas afiadas. Alívio. E se alívio é prazer, já tá tudo certo. Além do prazer, precisamos de que afinal?
Prazer, mano, prazer. Tão simples como diferenciar novamente o que é normal e o que é absurdo. E o que é bom e ruim nisso. E o que queremos de verdade da normalidade e do absurdo. Na verdade. Só isso. A todos, silêncio. Aquietar um pouco pra, enfim, barulhar em fogos de artifício. Barulhar o alívio, barulhar o prazer. Isso em 2010 pra sempre.
Beijo a todos. Sato
Amigos bons
2009. Ano após ano escrevo alguma parada no fim de ano. Talvez pra acobertar erros futuros ou prazeres passados. Sempre ter em mente. Passar. Livrar a cara. Mandar um basta. Tanto faz. Hoje é quase amanhã e tenho que começar de alguma forma. O fim de ano foi trevas. E no final, nem tanto, nem tanto. O dramaturgo levou 4 tiros, enfrentou a cidade furiosa e permaneceu. Provavelmente mais forte, porém, diferente. O casal perfeito provou a sua inexistência e passou dias nos tribunais do trânsito, antes de ensinar a filha que precisa olhar pros dois lados antes de atravessar. Estão diferentes, mas provavelmente mais fortes. Eu perdi uma grande amiga, sem me despedir, chorar em velas ou recortar fotos de jornal. Perdi e sei que perdi mais ainda, pois não a tinha mais. A distância em cidade grande triplica em dias de chuva. E o celular, quando não toca? E a mensagem quando a gente não manda? A gente depende tanto e reclama mais ainda, mas se conforta no perigo do desleixo. Afinal, a cidade grande faz barulho, a luz faz barulho, o silêncio faz barulho. Precisamos de mais apagões por ano, pra silenciar de verdade e parar de vibrar em repouso.
Eu já acho normal tanta coisa absurda. Todo moleque que vem me pedir grana no farol, acho normal. Acho normal nem procurar nos bolsos alguma moeda. Aquela gente triste que se aborrece depois que acontece alguma tragédia na porta de casa, acho normal. Acho normal não me sensibilizar pela sorte
alheia. A vizinhança que, em berros, desautoriza as leis democráticas de condominio em varais do hall social, acho normal. Acho normal se algum estampido surdo de um tapa ecoar pelos andares abaixo. Tanto nego, que na hora agá, na hora do vamos ver, se esconde no muro dos fundos, acho normal.
Acho normal que tudo é desculpa pra evolução da tolerância. E o que é absurdo afinal?
Temos que aquietar. Tudo é tão veloz e passageiro, o que fica? Temos que aquietar. Reconquistar os dias de descanso, rede, sono e sonho. Acordar por minutos, talvez horas. Acordar vendo a manhã virar dia. Temos que aquietar. Sentir a falta, saber do despreparo, do impróprio. Entender os limites do entendimento. Querer a despedida. Procurar a memoria tranquila e pendurar as fotografias. Temos que aquietar. Perceber os pequenos milagres cotidianos. Dar importância. Receber o recado. Deixar vingar apenas a serenidade. Em pratos quentes. E quando se aquieta assim, não digo pra aceitar a derrota ou
subir em cima do muro ou se tornar um arredio velho rabugento. Quando a nossa alma aquieta, estamos muito mais fortes pra enfrentar os dissabores, as dívidas mal-pagas, os atrasos da incoveniência. Libertos pra revolucionar a vizinhança com idéias mirabolantes, livros novos e gargalhadas afiadas. Alívio. E se alívio é prazer, já tá tudo certo. Além do prazer, precisamos de que afinal?
Prazer, mano, prazer. Tão simples como diferenciar novamente o que é normal e o que é absurdo. E o que é bom e ruim nisso. E o que queremos de verdade da normalidade e do absurdo. Na verdade. Só isso. A todos, silêncio. Aquietar um pouco pra, enfim, barulhar em fogos de artifício. Barulhar o alívio, barulhar o prazer. Isso em 2010 pra sempre.
Beijo a todos. Sato
23 janeiro 2010
BaiãobrasileirO
O homem que engarrafava nuvens, dirigido por Lírio Ferreira o documentário conta a história de Humberto Teixeira.
Indico aos que ficaram estão chegarão à terra da garoa (que está mais para terra do dilúvio...).
Viva!
08 janeiro 2010
Os viajantes do mundo à revelia, à revelia foram-se para longe, buscar quem mora longe, em terras baianas se encontram e deixaram o blog à revelia, ao Deus dará. E se Deus não dá, ó negos? Como é que vai ficar, o blog? Aqui tento preenchê-lo de letras paulistas, direto de uma mente alerta em centro de são paulo, cidade que suga, que foi só eu chegar pra tudo começar de uma vez só. E Adeus mar, Adeus mangue, Adeus porvinhas, vento bom, noite quente de pessoas quentes dançando e cantando a todo vapor. Aproveitem, Revelianos. E voltem cehois de palavras com sotaque baiano, pra dar só um gostinho aos nossos leitores famintos!
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