22 junho 2009

Eu ainda preciso amadurecer uma idéia.
Ela me veio; como obra pré-formatada e não como uma inspiração.

Veja a diferença:
Se a idéia viesse como uma musa, eu sentado debaixo de uma pessegueira, escrevendo em meu caderninho de devaneios, numa bela tarde outonal, aí sim seria acometido em realizá-la, dar-lhe a forma que merece.

Mas estou mais para ator coadjuvnte nessa história, e nela não há caderninho de devaneios muito menos árvores pessegueira. Percebi ontem que ter um papel secundário - não em relação a você mesmo, mas em relação ao Público em geral - não é assim tão ruim. Você pode escolher seu caminho mais livremente, morrer na amargura do anonimato (a Besta do século XXI) e rir-se postumamente, como fez Brás Cubas.

Por enquanto, nada além dessa minha imagem a passar para os outros.
Ela causa uma certa reverberação, admito, mas como toda pedrinha n'água um dia afunda e aquieta-se.

Não é tristeza.

10 junho 2009

Brasilidade

Como esse é um tema recorrente nesse blog, e do qual gosto muito, por que não falar um pouco mais dessa "brasilidade"? Aí vai:

"Nós brasileiros estamos firmemente persuadidos, no fundo de nossos corações, que sobreviveremos ao fim do mundo que acontecerá um dia. Fundaremos então um reino de justiça, pois somos o único povo da terra que pratica diariamente a lógica do ilógico, como prova nossa política."

(Tentativa de explicação de Guimarães Rosa a um alemão, nessa célebre entrevista presente nas obras completas do escritor, editora Nova Aguilar).

09 junho 2009

tempotodosintomuitopoucotempotodosinto

4/quatro



Chove chuva

Autorretrato de Octávio Tavares from octavio tavares on Vimeo.

Mantra

Entrega de trabalho.Final de semestre.Prazo limite.
Corrupção de estudo.Abuso de maiores.
Negociação de dívidas.Repatriação de capítulos.
Chantagem sobre si mesmo.Menstruação não-desejada.
Supermercado lotado.Feriado a estibordo.Patrocínio de armas atômicas.
Letrinhas ilegíveis.Caminhada na hora do rush.Vergonha alheia.
(fedor alheio).Acúmulo de ácido gástrico.
Prazo limite.Final de semeste.
Prazolimite.


02 junho 2009

Manifesto antropofrágil

"Esse é o manifesto antropofrágil
Em agradecimento ao entretenimento em detrimento
Do que era uma pedra no caminho,
Do verso intransitivo

Esse é o manifesto pró-picarista
A descendência naturalista
Das novas desordens a já bem vistas
Nossa gente humilde armada
Nosso gatilho em disparada
Nosso retiro...

Essa é a nossa rua
Inunda
O que a marginalidade funda
Nosso pavio curto, nossa bomba de chocolate.
Essa é a nossa livraria
Cheia de crimes do dia a dia
Cheia de amores e beijos

Essa é a nossa cultura
A paisagem dura
O tapete vermelho onde o povo samba
Uma feira de artes na beira da tarde,
Essa é a nossa parte,
As agrárias que nos cabem nesse latimúndio.

Essa é a nossa raça plura, plura!
As novas revoluções sob a mesma impostura
E pra não dizer que não falei...
Aqui jaz um deserto, aqui perto
É jardim."

(Gero Camilo, "Anunciação", Canções de Invento)
(E viva Gero Camilo!)