28 julho 2009

Janela sobre a Palavra (VII)

Estava preso fazia mais de vinte anos, quando a descobriu.
Cumprimentou-a com um gesto da mão, da janela de sua cela, e ela respondeu da janela de sua casa.
Depois, falou a ela com trapos coloridos e letras enormes.
As letras formavam palavras que ela lia de binóculos.
Ela respondia com letras maiores, porque ele não tinha binóculos.
E assim cresceu o amor.Agora, Nela e o Negro Viña sentam-se costas contra costas.
Se um se levantar o outro cai.
Eles vendem vinho na frente das ruínas da cadeia de Punta Carretas, em Montevidéu.
Eduardo Galeano. in Palavras Andantes.

PROX. FIM DE SEMANA

RETROSPECTIVA EMILE COHL

* animações de 1910 - bóra, ora!

"A Cinemateca Brasileira apresenta neste mês uma retrospectiva inédita dedicada ao cineasta Emile Cohl. a RETROSPECTIVA EMILE COHL reúne todas as obras preservadas e restauradas do artista. A mostra é composta por seis programas, organizados em ordem cronológica, e acompanhados de música original do jazzista Bernard Lubat. Pioneiro do cinema de animação, Emile Cohl (França, 1857-1938) foi um verdadeiro “inventor”. Sua prodigiosa imaginação, pautada por uma incrível liberdade formal, fez com que aplicasse inúmeras técnicas e formas na composição de seus filmes. Caricaturista consagrado, e já com mais de 50 anos, realizou seu primeiro filme. A partir daí, continuou sua atividade chegando a trabalhar alguns anos nos Estados Unidos. Em 1923, quando abandonou as câmeras, Emile Cohl tinha realizado mais de 300 curtas-metragens. Cem anos depois de Fantasmagorie, no momento em que a animação se tornou um dos domínios mais criativos do cinema, e ocupa um novo lugar na Sétima Arte, a força poética da obra de Emile Cohl permanece intacta." - cinemateca.gov.br/emile

últimos dias!

01.08 | SÁBADO
1
7h30 | PROGRAMA 3 –– 19h00 | PROGRAMA 4

02.08 | DOMINGO
16h00 | PROGRAMA 5 –– 18h00 | PROGRAMA 6

$..
4,00 meia
–– 8,00 inteira
Cinemateca Brasileira –– Largo Senador Raul Cardoso, 207 - próximo ao Metrô Vila Mariana

Outras informações: (11) 3512-6111 (ramal 215) - www.cinemateca.gov.br


27 julho 2009

Segredo de estado

Olha só o que está por vir!!!

http://www.festivalmusicadomundo.com.br/site_port.html

To dentraço! Quem vem? Tenho 2, 3 ou 4 lugares no meu fusca (depende da motivação)...!

Para entrar em estado de árvore é preciso
partir de um torpor animal de lagarto às
3 horas da tarde, no mês de agosto.
Em 2 anos a inércia e o mato vão crescer
em nossa boca.
Sofreremos alguma decomposição lírica até
o mato sair na voz .
Hoje eu desenho o cheiro das árvores.

Manoel de Barros

O Besouro é Nosso.




Li, na semana passada, duas notícias que contam como nossas riquezas naturais continuam sendo ignoradas por nós e apropriadas por outras nações. A primeira dizia que em março o Museu de História Natural de Genebra divulgou sua nova aquisição: o Titanus gigantus, o maior inseto do mundo, conhecido como besouro gigante da Amazônia.

Seu tamanho impressiona -é maior que a mão de um adulto- e certamente fará sucesso entre os visitantes. De acordo com o museu, acredite-se ou não, o besouro teria “viajado por engano na mala de um turista suíço”. Assustado, ele teria chamado uma empresa de dedetização, que encaminhou o espécime ao museu.
Outro besouro brasileiro também vem fazendo sucesso, nos Estados Unidos. Pesquisadores da Universidade de Utah acreditam ter encontrado o cristal fotônico ideal na carapaça do besouro Lamprocyphus augustus. Esse cristal é essencial para a construção de circuitos eletrônicos que manipulem dados por meio de luz (fótons), em vez de cargas elétricas (elétrons).

E o curioso é que os cientistas americanos não tiveram trabalho para conseguir o inseto brasileiro. Encomendaram-no a um vendedor da Bélgica, pela internet. Não duvido que, apenas com a tecnologia decorrente das pesquisas com este único besouro, os americanos produzam mais riqueza do que todo o valor anual da exploração ilegal de madeira, da soja e do gado na Amazônia.

Temos a maior porção da maior floresta tropical do planeta. É um tesouro em biodiversidade que precisa ser cuidado e explorado pelo Brasil. Em 2006, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou a falta de controle nas fronteiras como razão da perda anual de US$ 2,4 bilhões, com a saída de animais e plantas que acabam por gerar produtos patenteados no exterior. São muitas as ameaças à biodiversidade brasileira: biopirataria, aquecimento global, desmatamento, tráfico de animais, superexploração de espécies. E a mais terrível parece ser a nossa inoperância diante disso tudo.

Em 1994, o Brasil ratificou a Convenção da Biodiversidade Biológica. Em 1995, apresentei proposta no Senado para disciplinar o acesso aos recursos genéticos no país. O projeto (PL 4.842) foi à Camara dos Deputados em 1998 e lá está até hoje. Outra tentativa foi feita em 2003, por meio do Ministério do Meio Ambiente.

Nova proposta foi negociada por mais de cinco anos, com todos os setores interessados. Novamente deu em nada. Continuamos sem regras. E todo o conhecimento gerado pela biodiversidade continuará sendo apropriado por quem chegar primeiro, sem gerar dividendos para o país.

Fonte: Folha de SP Marina Silva
julho 27, 2009

24 julho 2009

Pretensioso

Já que estamos crescendo e aparentemente sendo lidos por pessoas do estado de SP, por Goiás, Minas, Rio, Portugal, Argentina e vez em quando EUA, prometo começar a buscar novidades para postar sobre esses lugares... Quem sabe até vocês mesmos não poderiam nos enviar coisas?! Estamos abertos!

De Minas eu sei que o Grupo Corpo começa turnê em agosto em SP e depois em Brasília, BH e Porto Alegre. Vide: http://www.grupocorpo.com.br/site

De Goiás, (ou de Brasília?) tem o cantor Rubi, que adoro:


Na Argentina tem a nova escola de cinema; a mais promissora do mundo, encabeçada por Tatá, nosso sócio! (vejam posts abaixo)

Do Rio, tem a minha prima, Lia Rodrigues, coreógrafa muito boa, com projeto incrível na Maré - revelia na alma!
http://www.photo-ap.net/gallerie/gallerie.php?menutitre=liar

E em Portugal conheço uns Fados.

Aliás, a nossa saudade é muito menos melancólica que a deles... a nossa é uma tristeza que balança...

23 julho 2009

Feitos de Caymmi

É a segunda vez na qual escrevo sob forma de protesto.

A primeira havia sido sobre a mitificação européia sobre Buenos Aires.
(Talvez toda palavra aqui seja dirigida com certo grau de protesto; uma indiferença na qual o mundo se dá a pequenos valores, que em conjunto, nós Revelia, tentamos resgatá-los. Uma pena que a própria cultura virou o politicamente incorreto)

Aqui reclamo em nome de Caymmi, que não se faz presente na lista ao lado.

Reclamo pela força-matriz da Bahia como identidade, do caráter simplório do pescador, do orgulho do mar e da sabedoria do conhecimento técnico, inerente ao povo do mar, aliterado e excluído da sociedade Brasil-carnaval. Sem saber, o Brasil-carnaval deve agradecer a Caymmi por todos os "sambas, suores, e cervejas", pois sem ele não haveria o abaeté de Caetano, o Oxum de Maria Bethânia, o macaco de cada galho nosso de Gilberto Gil.

Pois faz-te conhecido, Caymmi, sê presente nesse povo que te agradece, sem saber, agradecendo a cada ida ao Pelourinho e ao bom e velho acarajé da Cira lá no Rio Vermelho de São Salvador.

E vós, fazei-vos verdadeiros brasileiros, ponde a conhecer as obras do Baiano.
Cliquai em vossos teclados, abri a Wikipédia e contemplai um de nossos mestres ao qual o tempo só se nos permite em pretéritos antigos, pronomes não mais conjecturados.

Reclamo pelo meu nome, pela baianidade inerente ao povo-carnaval, por todos os trio-elétricos que brevíssimos oito meses hão de conjecturar tua identidade.

Obrigado Caymmi, mais uma vez.

22 julho 2009

cento e um

Um lapso. 
Lápis desenhando o risco tênue dos seus cílios inferiores (eu quis ser desenhista e mal virei um escritor). 
Escrever é desenhar com palavras na imaginação dos que nos lêem. Escrever é bênção e alívio, prazer e dor. De nunca acertar. De estar em busca todos os dias. De enfrentar falta de idéia, palavras que nunca preenchem, buraco na alma. Enfrentar, insônia adentro, o silêncio insuportável de uma rua inabitada. Cabeça inabitada. 
Então escrevo sobre:
Dificuldade de encontrar o outro que me foge eternamente por entre os dedos, vivo tapando sol com peneira, tentando te buscar de peneira e alçapões nas minhas mãos duras de quem ama até demais. Mas quando? O amor te machuca não é? O amor te arranha te cospe na cara te xinga na madrugada. Te liga e te acorda cheio de rancor, o amor, essa besta desvairada. Essa coisa feita sei lá de que substância que às vezes corrói e arde quando entra em contato com a pele. Eu só queria que. Só queria. Você e só. Só você só pra mim. Você só pra mim. Você pra mim e só. Doença esse amor compulsivo esse amor enjoado egoísta mesquinho. 
Quando você se esquece de mim e eu me esqueço de ser sã. O amor me possui me retorce e me transformo em monstra desvairada Medéia maluca de amor nas veias. Então é tarde. Nada segura ou contém. Jogo tudo no lixo, cuspo no seu nome, te juro o ódio mais horroroso. Aí é tarde. Porque você se volta contra o meu amor doente e não quer mais compactuar. 
E a Medéia vira cordeiro manso rapidinho pra não te perder. A Medéia morde a língua e esquece de tudo pra não te perder. Vira Ofélia num instante. E diz que estava possuída, sei lá o que me deu, essas coisas, a Lua, a TPM, acho que to no meu inferno astral. Não, aquela ali não era eu, não, imagine, como pode? Eu sou essa aqui, meu amor, você me conhece, não é? Eu jamais seria capaz de.

A sombra às vezes é tão imensa que até nós mesmos nos recusamos a olhá-la de frente.

21 julho 2009

100 ********* é, é o mundo a revelia... !!!!

o processo da escrita (clarice lispector)

O processo de escrever é feito de erros – a maioria essenciais – de coragem e preguiça, desespero e esperança, de vegetativa atenção, de sentimento constante (não pensamento) que não conduz a nada e de repente aquilo que se pensou que era ‘nada’ era o próprio assustador contato com a tessitura de viver – e esse instante de reconhecimento (igual a uma revelação) precisa ser recebido com a maior inocência, com a inocência de que se é feito. O processo de escrever é difícil? Mas é como chamar de difícil o modo extremamente e caprichoso e natural como uma flor é feita. (’Mamãe’, disse-me o menino – ‘o mar está lindo, verde com azul, e com ondas! Está todo anaturezado! Todo sem ninguém ter feito ele!’) A impaciência enorme ao trabalhar (ficar de pé junto da planta para vê-la crescer e não se vê nada) não é em relação à coisa propriamente dita, mas à paciência monstruosa que se tem (a planta cresce de noite). Como se dissesse: ‘não suporto um minuto mais ser tão paciente’, ‘a paciência do relojoeiro me enerva’ etc. O que impacienta mais é a pesada paciência vegetativa, boi servindo ao arado.

"Então escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra.Quando essa não-palavra - a entrelinha - morde a isca, alguma coisa se escreveu."

20 julho 2009

TRAGA-ME UM COPO D'AGUA TENHO SEDE

E ESSA SEDE PODE ME MATAR

MINHA GARGANTA PEDE UM POUCO D'AGUA

E OS MEUS OLHOS PEDEM TEU OLHAR.

13 julho 2009

educação

http://www.youtube.com/watch?v=XaskFHAzjzk&feature=player_embedded

Depois de horas rápidas e curtidas de conversa com nossa nova companheira Anita, não fiz muito esforço pra encontrar essa preciosidade audiovisual (OUÇA O LINK aCIMA). Na verdade, foi a preciosidade que me achou, naturalmente, me recompensando (já que são cinco e meia da manha). Alguem sabe onde encontrar esse programa na integra?

...
na minha ditadura, todos os canais de tv passariam diariamente, das 20h30 as 21h15, alguma jóia musical brasileira de seus acervos... de preferencia todos transmitiriam o mesmo programa, assim, que nem os horarios politicos.
isso ensinaria um bocado aos telespectadores, que nem precisariam deixar de ser telespectadores. sem lição de casa!!

programa de tv tem q ter teor educativo e viva minha ditadura!

a musica brasileira - a cultura brasileira em geral, perdeu referencias ilustres... entrou e se perdeu na sala de espelhos do playcenter. Porém, graças ao youtube, por exemplo, percebo que está encontrando a saída. (cada um encontrando a sua, o que atrasa um pouco e cria tumulto).

Quem sabe quem foi dino 7 cordas?... vcs que acessam esse blog pode ser que com certeza, mas e os outros tantos?
muita coisa boa esse brasilzão produziu, e foi tanta, que estagnou um pouco (junto com o mundo ocidental blá blá sei lá...). o futuro é promissor!! o importante é lembrar que recordar é viver! e viver não é o que a gente mais gosta?!

ANTROPOFAGIA

heim? *daniel

12 julho 2009

História da Arte de nosso continente - POR TI AMÉRICA.

O DESENHO DA PALAVRA

http://www.desenhodapalavra.com/

O Daniel Scandurra que me convidou...para falar desse tipo de arte, o nosso, de nosso continente, que é - infelismente - tão pouco conhecido. Desconhecemos quase que por completo a História da Arte da América, embora ela seja tão milenar e maravilhosa cheia de artistas, estilos, belezas, tal como acontece na História da arte Européia - tão mais (não sendo um exagero dizer que quase que exclusivamente) estudada e debatida.

Por me comover com as belezas criadas em nosso continente, com os engenhos criativos e imaginação infinita dos artistas de nossa terra... ( e por não aceitar essa herança colonial que despreza o que é autentico daqui) eu desenvolvi um site que se chama o DESENHO DA PALAVRA para falar sobre as artes e a escrita desenvolvida milenarmente na américa...pelas culturas originárias daqui...as culturas indígenas, que ao contrário do que a maioria pensa não são exteriores a nós, são matrizes fundamentais de nossa identidade brasileira e latinoamericana tal como e tanto quanto, europeus e africanos entre outros...

Bem, o site tem bastante fotos e informações sobre a arte ( concepção moderna do que é arte, a arte milenar da américa, a arte indigena , o que é escrita) e outras informações , desenhos e poesias visuais.

Beijosssssssssssssss especiais para o Caio que nao vejo a um montão de tempo e que sinto saudades.

Espero que se divirtam...
Anita Moreira.

“ Eu quis pelo desenho e pela cor, uma vez que eram essas minhas armas, penetrar sempre mais no conhecimento do mundo e dos homens, a fim de que esse conhecimento nos libere a todos cada dia mais...Agora compreendo que isso só não é suficiente; esses anos de terrível opressão me demonstraram que devo combater não só através da minha arte, mas de todo o meu ser.” Pablo Picasso.

Alejandra Icaza

Fui na exposição que tem dela na Galeria Fortes Vilaça e não gostei... acho que não gosto dessa galeria... quem sabe uma exposição mais profunda, ampla, variada da artista seria melhor. (Será que ela tem coisas mais variadas e profundas? Estudou em tantos lugares para fazer isso...)
Fui na exposição do MAC e também achei ruim. (MAC e ruim são sinônimos ou eu que estou azedo?) Agora essa onda de exposição francesa... colocam na parede qualquer coisa francesa, tudo desordenado, tudo sem sentido e pronto, voilà! Parece que tem algum fenômeno que acontece no Atlântico que faz as coisas chegarem aqui do jeito oposto. Perde-se a profundidade francesa e ficamos com... o quê?

Ai, como as artes plásticas são maltratadas no Brasil...


Las medusas de Matisse, 2009, Icaza

Steve Reich


Minimalista. Vale a pena ir até o fim.