29 outubro 2009

desabafo

o lobo do Homem não é o Homem
mas alguns tipos de homem
os tipos ignorantes
os tipos oportunistas
os tipos corruptos

a prefeitura de santo andré tem cumprido lindamente o seu papel de assassina da cultura e da história da cidade de sto. andré. seria tão maravilhoso se a população pudesse enxergar e ouvir o que está se passando na escola livre. é uma luta que tem se tornado desesperançosa e em vão, por parte da comunidade elt. não há voz para os aprendizes e mestres da escola livre. não tem pra onde correr, quem socorrer, quem compreender, quem defender a escola das mãos ignornates e destruidoras da atual prefeitura de sto. andré. será que tudo o que dá certo neste mundo, tudo o que é público e funciona está fadado a acabar assim que um novo partido assume o poder?
que tipo de administração é essa que desmantela uma escola que há vinte anos tem feito uma diferença absurda na vida daqueles que dela participaram e participam?
o que será que eles tem na cabeça? nada, eu acho. eles não tem absolutamente nada na cabeça. eles não tem plano de governo algum e vão querer mexer na única coisa que funciona em sto. andré. vai mexer na saúde. vai cuidar da violência. da educação. deixem a escola livre em paz, catso. deixem a escola livre funcionar, deixem os aprendizes aprenderem seu ofício, deixem os mestres livres para ensinar. deixem-nos deixar de se preocupar com a ameaça paralisadora que se instalou desde que essa nova coordenadora chegou. tirem essa mulher daí. tirem ela daí. ela não merece esse cargo. ela não merece os vinte anos de luta e vida desta escola da qual ele não faz parte em absoluto. é um insulto ao trabalho e suor dos que batalharam vinte anos pra essa escola existir. é um desrespeito a arte, à Dioniso, é um crime acabar com a escola livre de teatro. será que eu posso processar uma prefeitura por assassinato da cultura? por assassinato de um órgão que pertence a todos?
a tarefa da prefeitura não deveria ser a de facilitadora do funcionamento de uma escola? porque eles entram como pedras gigantescas no caminho? como rochas antiquadas e paralisadas no meio do grande nada de onde vieram. voltem pra lá seus parasitas. deixem a escola respirar de novo. desgrudem seus carrapatos. esse projeto não tem nada a ver com vocês ele não diz respeito a vocês, seus sangue sugas. vão mamar noutro lugar. o nosso galho é na escola livre o de vocês é em outro lugar. xô xuá. xô xuá. xô xuá. sai pra lá coisa ruim. sai pra lá seus retardatários.

28 outubro 2009

Tuca no fut!


Nelson Rodrigues!



Comentário 1:
Ele é foda!

Comentário 2:
Essa entrevista é um exemplo ótimo! Detesto aquelas entrevistas em que se faz perguntas que já se sabe as respostas, em que não se discute nada e não se acresenta nada a ninguém.

Cometário 3:
Se pretendemos entender qual a possível contribuição brasileira ao mundo, muito dela se passa pelo Nelson. Confiram.

Transportes 2

Como fica claro pelos comentários ao outro post ("Transportes 1", do último dia 24), de fato o problema do transporte de SP é muito maior. Aqui tento por mais ideias para combater a ignorância na Secretaria de Transportes. (O tema carros e rodízio vai ser abordado no próximo post, aguardem!)

CHEGA DE VIADUTOS!

O projeto de expansão do Serra deveria ter pensado nisso, ao invés de fortalecer os "fura-filas". Algum de vocês já andou na Avenida do Estado e se sentiu num momento apocalíptico? O fura-fila do Pitta que foi finalmente ativado como "Expresso Tiradentes" é que gera essa sensação.

Portanto não tem sentido fazer mais viadutos se se pode fazer um tramway ou um túnel. Chega de viadutos! Eles são ruins para os pedestres, moradores, motoristas, todos.

Aliás, sou a favor da destruição imediata do Minhocão! Esse é um exemplo claro de uma região muito bonita que foi devastada pelo "efeito-viaduto".

Vejam fotos da região antes e depois:



PS: Mas acho que os muros grafitados devem ser mantidos ou reconstruídos, pois são muito bonitos.

METRÔ

Expansão total! Todos os pontos da cidade têm que ser servidos por uma estação do metrô e não se fala mais nisso. O projeto de expansão atual não pode parar. Tem que continuar e a galope!

TRENS

Como sabemos, os trens foram gradativamente sendo abandonados por aqui, o que é um absurdo. Proponho:

*Reativação dos trens de passageiro por todo o interior do estado e do país;

*TGV atendendo todas as capitais (e não só esse trem-bala Rio-São Paulo). (Ah, como seria bom isso!)

Mostra alternativa de cinema de SP



http://ow.ly/wlzI

E ainda por cima é de graça!

26 outubro 2009

GRAFFITI no quintal!

Pra quem quer conhecer, pra quem quer buscar um traço pessoal, pra quem quer se aprofundar no tema: Curso De Graffiti 2009 com o artista Prozak!
As informações sobre o artista e o curso estão no BLOG dele.

Eu já to lá, vamo aê?!

Tom Zé

Para quem não o conhece, seja bemvindo ao universo de Tom Zé, esse gênio!

Aumenta o som que ele quer passar!













Serve pra Bahia, SP, Rio, Brasil, etc.

Chan Chan

24 outubro 2009

Na Ozetti



Vai ter show da Ná hoje(dia 24) no Sesc! Vejam no site

Transportes 1

O tópico de hoje é:

Tramway e bicicletas

O transporte é essencial para a cidade. É a perna do cidadão. Sem pernas não há ação. Sem ação não há ser humano, mas seres vegetativos (com todo o respeito às plantas).

Confesso não gostar muito da Holanda e de todos esses países exploradores do mundo, movidos à base do capitalismo selvagem, royalties, diamantes e luxo, mas como me preocupo com transportes (como não se preocupar sendo paulistano?) e com diminuição de poluentes, confesso que Amsterdã é um exemplo que aqui deve ser citado.



Essa imagem mostra uma das maiores avenidas da capital holandesa. Como explicar essa calma dominical? A causa é simples: muita ciclovia e esse singelo trenzinho, chamado tramway. Esses são os principais resposáveis pelo silêncio, calma, praticidade e beleza de Amsterdã.

Não há desculpa para a não-implementação imediata das ciclovias por aqui. E é muito possível a implementação de estações de bicicleta a quase cada esquina. O projeto que temos em SP, de pontos de aluguel de bicicleta do metrô é ridículo e para inglês ver; é preciso milhares de pontos de retirada e um forte sistema de segurança, reposição e manutenção. Vide Paris. Pode-se sempre começar com um projeto piloto em algum bairro, mas quando adotado tem que ser adotado massivamente, pois pontos espalhados não geram a agilidade necessária para esse meio de locomoção.

É importante também espalhar estacionamentos de bicicleta por toda a cidade. São simples ferros colocados na calçada, mas fundamentais para essa etapa.

(Era legal que houvesse um serviço de vigilância às calçadas e ruas esburacadas, um disk-buraco, mas acho que é sonhar demais...)

Já o tramway é caro e deve ser adotado também aos poucos, mas não pode ser de jeito nenhum esquecido. Imaginem a Rebouças e a Faria Lima sendo supridas com esses trens?! É muito possível, basta vontade política, pressão pública. Por que não fazer uma linha dessas como experiência como os bondes elétricos, ligando, por exemplo, o Pacaembu ao Centro?

Série ideias para SP

Penso muito nessa nossa veloveravivaunivoracidade e não posso me conformar, ela pode ser muito melhor do que é. Ela tem que sê-lo, e logo.

Por todas as coisas que vi, conheci e pensei nessas minhas andanças por aí, existem coisas que já não aceito, considerações e situações que permeiam o meu cotidiano e que resolvi juntar aqui. Elas precisam sair da minha cabeça e passar para a de outros, para ganhar alguma crítica e maior grau de realidade, para, em suma, ver no que dá. Portanto não hesitem em dizer o que pensam a respeito, compartilhemos as nossas questões.

Como vocês verão, resolvi dividir esses pensamentos em três temas: Transporte, Urbanismo e Uma consideração política - que se interligam, obviamente, mas que os dispus assim para cansar menos o leitor e para maior eficácia.

(Vale também lembrar que escrevi (dia 1º de setembro, sob o título "Revolta") um texto a respeito das bibliotecas, que faz muito bem parte dessa série igualmente.)

Como última observação, queria enfatizar que as comparações que farei com outras cidades não têm a finalidade de copiar essas cidades (o que seria impossível). Só servem como ampliação do nosso horizonte, arejando as nossas ideias, para sairmos desse estado de impotência e para fazermos algo melhor do que já foi feito em outras cidades, agregando as nossas experiências. Situo essas considerações na cidade de São Paulo, pois é onde moro, onde cresci, a cidade que mais bem conheço - mas elas podem muito bem ser debatidas em qualquer canto do mundo e transpostas para outras cidades que passem pelo mesmo processo de urbanização desenfreada como o vivido nessa Pauliceia desvairada.

Não quero e nem acho que seria possível transformar o Brasil em Europa, mas me recuso a ver os problemas e permanecer calado. Vale lembrar que o Brasil faz parte da chamada cultura ocidental também e que não é anti-patriota querer mudanças por aqui. Quem gosta de lixo é rato. E quem gosta de limpeza só pela limpeza é germofóbico. Espero equilibrar entre esses dois tipos.

Bom, como são tantas considerações, resolvi diluí-las em diversos subtópicos que pretendo postar (quase) diariamente, afim de discutirmos aos poucos essas questões. Então esse post serve de introdução a todos os demais. Quem quiser criar novos tópicos e discussões sinta-se à vontade também, por favor.

Finalmente chegou!

Para quem já não aguentava mais esperar para ver novos e bons filmes, eis a nossa querida mostra de cinema!



Clique aqui para entrar no site oficial

22 outubro 2009

De volta ao Araçá

Queria escrever algo tão maravilhoso e sublime como a música Araçá Azul do Caetano.
Se o que escrevo pudesse causar nos que me lêem uma pitadinha desse negócio que a música provoca em mim, eu, quem sabe, seria um Ser Humano feliz.
É tão curta e tão intensa.
Me lembra de vida, de infância, de amor de tristeza de morte, de alegria de momentos de futuro de amor de amor de amor.
Um negócio muito mais forte que eu, que minha arte incipiente e ingênua.
É tão forte que é impossível não me emocionar. Mesmo se eu fizesse um exercício de frieza e indiferença, se tapasse meus ouvidos, se trancasse portas e janelas, ainda assim, ela me acertaria em cheio, bem no meio de mim ela chega e atravessa e eu. Simplesmente deixo atravessar.
Coloco-a para repetir e repetir e repetir, triste por ser tão curto esse momento. E não me canso nunca.
Não é segredo
Com Fé em DeusEu não vou morrer tão cedo

Ela me atravessa e quando percebo meus dedos digitam suas palavras no teclado. Obedeço. Como não, Caetano? Como pode você, Caetano? Há tantos anos fazer parte assim de mim?
Você e essas palavras desconexas e perfeitas que me atingem de manhã cedo ou à noite quando chego a olhar pro céu e pensar: Com Fé em Deus eu não vou morrer tão cedo. Quando me lembro que não são minhas as palavras e nem o desejo de não morrer tão cedo. São suas, Caetano. Você as transferiu para mim e eu as acolho e escolho a hora certa para cantar suas canções de amor, de infância, de passado de paisagem de passagem.
Essa nossa passagem aqui na coisa vida que fica mais divina por culpa sua, Caetano Veloso.

21 outubro 2009

Robert Polidori no Museu da Casa Brasileira





1- Nova Orleans
2- Nova York
3 e 4- Chernobyl

A exposição apresenta seus principais ensaios fotográficos realizados desde os anos 80, como as séries sobre Havana e Beirute; as cidades de Pripyat e Chernobyl, quinze anos após o acidente nuclear ocorrido em 1986; e Nova Orleans devastada pelo furacão Katrina, em 2006.Traz também cenas urbanas de Alexandria (Egito), Varanasi (Índia) e Amã (Jordânia), que enfocam a construção civil e ruas comerciais desses lugares, além de três exemplos do ensaio realizado por Polidori em Nova York, nos anos 1980, quando registrou o interior de apartamentos atacados por vândalos.

Robert Polidori nos mostra nestas 39 fotografias expostas como o mundo destroçado pode ser belo, sem, no entanto, deixar de causar um profundo mal-estar. Os mesmos detalhes que criam imagens de uma beleza estonteante, mas que em nenhum momento é apaziguadora, registram em nossa memória o porquê dessas diferentes tragédias.


De 7/10/2009 a 12/11/2009
O MCB funciona de terça a domingo, das 10h às 18h.
Ingresso: R$ 4,00 - Estudantes: R$ 2,00
Gratuito aos domingos e feriados

Mais show

Amanhã

20 outubro 2009

TREME TERRA


Treme Terra irá se apresentar por volta dás 16h! É só chegar... Até comida de grátis! :)

19 outubro 2009

Pipilotti Rist


O Paço das Artes e o Museu da Imagem e do Som (MIS) inauguraram dia 5, no Paço das Artes, a mostra da suíça Pipilotti Rist, uma das principais representantes da videoarte mundial.A exposição Pipilotti Rist, uma retrospectiva do trabalho da artista, explora temas que permeiam sua produção, como fantasia, sonho, prazer e erotismo.

Organizada em dois núcleos, um no Paço das Artes e outro no MIS, a mostra traz a São Paulo os trabalhos mais representativos da artista, obras com elementos alentadores em contraposição ao duro e melancólico cotidiano, em ensaios marcados por humor, ironia e, muitas vezes, anarquia. Enquanto a videoinstalação A Liberty Statue for Löndön (2005) foi especialmente adaptada para o Espaço Redondo do MIS, o Paço das Artes abrigará 10 peças de diferentes períodos.

No Paço das Artes
Dez obras, criadas entre 1993 e 2009, poderão ser vistas no Paço das Artes entre 05 de outubro e 06 de dezembro de 2009: Ever is Over All, Apple Tree Innocent on Diamond Hill, Gina’s Mobile, Super Subjective, The Room, Laplamp, Blood Room, Selfless in the Bath of Lava, I Couldn’t Agree with You More e Small Suburb Brain.

O ambiente imersivo The Room (1994/2007) ganha destaque devido à concepção retrospectiva da exposição. Nele, um quarto com sofá, poltrona, abajur, foto e controle remoto em proporções muito maiores que seu tamanho natural convida o visitante a experimentar proporções invertidas. Uma compilação de 15 vídeos de diferentes períodos da artista é veiculada pela TV.

No MIS
A videoinstalação A Liberty Statue for Löndön (2005) foi especialmente adaptada para o Espaço Redondo do MIS, área expositiva destinada a receber projetos de cinema expandido, cinema interativo e outras abordagens recentes do cinema. A obra, aberta para visitação de 06 de outubro de 2009 a 03 de janeiro de 2010, apresenta a viagem da pré-histórica personagem Pepperminta desde sua saída do Éden por meio de um corredor/túnel (uma espécie de canal de parto artificial) até uma cidade europeia contemporânea.

Contrariando a tradição judaico-cristã, Pipilotti Rist não apresenta a transição do paraíso para a civilização como uma queda: Pepperminta simplesmente testemunha excitação e alucinação. Aparentemente, essa aceitação é o que a torna, como afirma Rist, “um símbolo para o ser humano filosófico”. A instalação foi exibida pela primeira vez em Londres em 2005.

festival de política Trip

Gente, ontem no Studio Sp rolou um evento do festival de política que a revista Trip organiza. Teve debate sobre cinema e política, conversa com Fernando Gabeira, líderes políticos e etc. Vale a pena conferir no blog da Trip e também acompanhar outros eventos ligados ao festival.
BLOG DA TRIP
Aproveito pra postar um filme do Glauber Rocha chamado Maranhão 66 feito por encomenda do José Sarney na posse de 66. Incrível.

Thierry de Mey

Eu ainda não entendi porque demorei tanto tempo para colocar este belo vídeo aqui.

Thierry de Mey
por Lorena Pazzanese

Presentando a Thierry de Mey from Lorena Pazzanese on Vimeo.

ps: Tela CHEIA e som ligado OBRIGATÓRIOS

Gol de balão

Enquanto isso...

18 outubro 2009

Araçá azul

"Um dia sonhei que estava assim, no topo de um araçazeiro alto, lá em casa mesmo, procurando os araçás (goiabas) perfeitos, quando, de repente, vi, entre todos os outros, um araçá azul, lindo. Aquilo era como um milagre, mas era real ali. E eu já ia colher esse araçá único, deslumbrante, quando vi que Bethânia - que até então não estava - vinha subindo pelos galhos para perto de mim. Então olhei para ela e disse: "Bethânia, tem um araçá aqui que é azul, ele nasceu azul!". Ela disse assim: "Ah...", sem nem olhar, desmerecendo, e acrescentou: "Isso deve ser coisa dos japoneses que estão fazendo experiências". De fato, havia japoneses no recôncavo da Bahia quando a gente era menino; eles trabalhavam na lavoura, e eu ouvia dizer que faziam experiências, produziam tomates enormes, coisas assim, e, tanto tempo depois, Bethânia me disse aqulio no sonho. Eu respondi: "Não! Venha ver, isso é lindo, você tem que vir olhar!". E ela: "Ah...", desmerecendo outra vez. "Venha! Suba para olhar", insisti, até que ela subiu um pouco mais. Eu disse: "Vou tirar pra mim". Mas, aí, Bethânia ficou séria e sentenciou: "Se você tirar, eu me mato". Eu repliquei: "Que loucura, que ideia louca!". E fui tirar o araçá, achando que ela estava falando por brincadeira. Mas quando pus a mão no araçá, ela se jogou! Fiquei desesperado, olhando. Só que ela se jogou e caiu segurando as pernas num galho abaixo. Tinha feito uma pirueta! E ficou lá, se balançando, rindo da minha cara, contente por ter me enganado. Então eu disse: "Ah!", e arranquei o araçá azul. Mas, quando fiz isso, ela se jogou mesmo. Eu acordei desesperado! Fiquei assustado, mas, ao mesmo tempo, lembrava de como era lindo o araçá e contei ao Rogério, que também morava no Solar da Fossa. Eu nunca tinha feito psicanálise, mas Rogério sim, e ele fez uma interpretação do sonho: "Puxa, você não está vendo que está com medo de colher o que é seu? A Bethânia se tornou uma estrela e você, que veio ficar com ela e é um compositor, fica aqui, assim... é como se você estivesse não propriamente com inveja dela, mas soubesse que também pode colher uma coisa boa, deslumbrante, e não faz porque tem medo, como se, com isso, fosse matá-la. Entendeu?". Foi essa a interpretação dele. E foi até bastante interessante como primeira interpretação dum não-profissional. O Rogério é um gênio. Foi logo assim, de bate-pronto, no dia em que eu sonhei. Anos mais tarde, depois que voltei de Londres, já tinha passado o Tropicalismo, fiz a música."

Caetano Veloso, org. Eucanaã Ferraz, Sobre as letras, Ed. Cia das Letras, SP, 2003.

17 outubro 2009

show do pequeno cidadão!!

meio tarde, venho por meio deste informar do show da banda pequeno cidadão que ocorrera amanhã, ou, se eu tivesse postado daqui a 15 minutos, hoje, às 17h no CENTRO CULTURAL VERGUEIRO. a entrada é gratuita! vale a pena levar as crianças da família e a criança/você! espero que alguém consiga ir, vai ter toda a criançada cantando, circomalabares, MúSICA!, telão com clipes e animações das musicas... aqui o clip de uma:



tem o myspace com as outras musicas e outras informações: myspace.com/pequenocidadao

ps. a voz da moça que ta cantando no video em cartaz aqui a direita é incrivel!

16 outubro 2009

(Mais) Um alerta!

MANIFESTO CONTRA O PROJETO QUE LIBERA A COMERCIALIZAÇÃO DE VEÍCULOS DE PASSEIO MOVIDOS A DIESEL

O Movimento Nossa São Paulo convida você a se manifestar contra o Projeto de Lei do Senado 656/2007, que libera a comercialização de veículos de passeio movidos a diesel no Brasil. Atualmente, o uso do combustível apenas em veículos pesados e utilitários é suficiente para matar 6 pessoas por dia, somente na capital paulista, e gerar custos de R$ 82,6 milhões com internações hospitalares pelo Sistema Único de Saúde (SUS), na Região Metropolitana de São Paulo. Não se trata simplesmente de uma manifestação contrária ao carro a diesel , mas, a favor da preservação ambiental e da saúde pública. Pois o projeto incentiva o uso do diesel de péssima qualidade disponível no país, além de permitir a ampliação da matriz energética proveniente do petróleo, para a qual já há alternativas menos nocivas à saúde das pessoas e do planeta, como o álcool, entre outras que encontram-se em desenvolvimento.

O projeto do senador Gerson Camata (PMDB-ES), que altera o art. 8º da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, foi aprovado no dia 5 de agosto passado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. O texto está sendo avaliado agora pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), em caráter terminativo. Caso não haja nenhum recurso contrário por parte dos senadores, o projeto irá para a Câmara, sem necessidade de ser votado no plenário do senado. Se os deputados aprovarem, a lei irá para sanção presidencial. O presidente da Comissão, Senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), designou o Senador Delcídio Amaral (PT-MS) para ser relator da matéria.

Para evitar mais mortes e internações, e também o aumento de emissões de gases que causam o aquecimento global, é importante que a sociedade se manifeste contrária ao projeto o mais rápido possível, enviando e-mail para os senadores, em especial ao relator do projeto – Senador Delcídio Amaral e também aos deputados federais. Anexos os e-mails dos senadores e deputados federais. Repasse também esta mensagem para sua rede de relacionamento. Veja também o anexo do histórico da tramitação do projeto. Segue abaixo a sugestão de carta aos senadores e deputados federais e links para outros documentos.

Sugestão de texto aos Senadores(as) e Deputados(as) Federais

Prezado(a) Senador(a) / Prezado(a) Deputado(a)

Solicito o seu apoio no sentido de se manifestar contrário à aprovação do Projeto de Lei do Senado 656/2007, que altera o artigo 8º da Lei 9.478, de 6 de agosto de 1997, para permitir a comercialização de veículos de passeio movidos a diesel

Se o referido projeto for realmente aprovado, a indústria automobilística ganhará o aval para incentivar o consumo do combustível que, sozinho, é responsável pela morte de pelo menos 6 pessoas todos os dias somente na cidade de São Paulo. A informação é da Faculdade de Medicina da USP, que vem alertando insistentemente para os perigos do ar contaminado para a saúde da população. Além disso, de acordo com o Dr. Paulo Saldiva, líder da equipe de pesquisadores da Faculdade de Medicina, o custo anual gerado pelas internações hospitalares decorrentes da poluição veicular para o Sistema Único de Saúde (SUS) é de R$ 82.627.646,00 somente na Região Metropolitana de São Paulo. Se somarmos o total das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Recife as despesas chegam a R$ 129.497.569,00. Estima-se ainda que, levando em conta a perda de expectativa de vida, os custos ao ano na cidade de São Paulo são de US$ 208.884.940,00. Cerca de 40% deste custo é devido ao diesel.

Enquanto a grande maioria dos países no mundo busca alternativas para “descarbonizar” os combustíveis com o propósito de mitigar a emissão dos gases responsáveis pelo aquecimento global, o projeto de lei aponta para o outro lado, representando um retrocesso inexplicável.

Agradeço antecipadamente o seu empenho, em favor da vida e do bem-estar do povo brasileiro.

15 outubro 2009

Sinfonia do Alto do Ribeira



Não consigo deixar de expressar minha constante facinação por Hermeto Pascoal. Sua musica me transcende! Suas idéias me inspiram! Mas não consigo entender, onde exatamente este ser vive?

Simples e profundo, rumo à revelia!

FESTA!

'
''Essa festa é pra todo mundo, menos pros jornalistas! Chupem! Chupem todos vocês!!''
Diego Maradona

Alguns de vocês talvez não se dêem conta da importância disso, mas hoje, enfim, a seleção argentina se classificou para a Copa do Mundo da ÁFRICA.

E comandados pelo cojonudo e compostudo Maradona.
Realmente um personagem.

Ay, como eles - e eu, por supuesto - estão aliviados!
Com certeza os aires amanhã vão estar muito mais leves, vou colher muito mais onda e vou conseguir trocar minhas moedas aonde eu quiser...

Viva, Argentina! que susto....

Los colores #3

3.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
..................................................................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
..................................................................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
..................................................................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
..................................................................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
..................................................................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
..................................................................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................
..........................................
..........................................
.........................................

e. e. cummings




l(a

le
af
fa
 
ll
 
s)
one
liness






. e.e.cummigs



14 outubro 2009

Dona Lu

Dona Lúcia veio pra São Paulo há trinta e um (31) anos fugindo
da sequidão do Ceará.
Dona Lúcia trabalha há dezessete (17) anos no mesmo lugar.
Dona Lúcia mora há onze (11) anos no mesmo bairro.
Dona Lúcia tem três (3) filhos.

Dona Lúcia nunca (0) foi à Paulista.

Dona Lúcia quer conhecer (1ª) a Avenida Paulista no Natal
Dona Lúcia quer ver "as belezas das árvores" (2ª) no Parque do Ibirapuera

A gente (2) vai se sentar na mureta do MASP, lá pelo dia dez (10) naquele calor de trinta e seis graus (36ºC), eu disse à ela, e ver as pessoas passando (...).

Dona Lúcia chorou (10.987).
Chorou é de alegria e saudades.

Foi a primeira vez que eu vi a Dona Lúcia chorar.

13 outubro 2009

Astronomia indigena e arte da américa




Passamos tantos anos olhando para a terra, escavando, procurando no meio de serpentes restos do passado, fragmentos de cerâmica ....perdendo e encontrando na arqueologia a porta do tempo e da arte. E foi derrepente, numa noite estrelada sem nenhuma nuvem, que nos surpreendemos ao darmo-nos conta que tudo aquilo que buscavamos profundamente debaixo da terra, nos desenhos dentro e fora de piramides desenterradas, eram simplesmente cacos do espelho do céu....Não saberia descrever ,na explosão fina de palavras, a sensação daqueles instantes onde os desenhos mayas que estavamos tão acostumados a ver, limpar, restaurar, comentar, se estamparam gigantemente acima de nós, costurado nas estrelas. As constelações então ressoavam seus milênios mais largos do que aqueles milênios moldados pelos homens mayas que guardavamos eternizados em objetos que preciosamente estavam aos pedaços nas nossas próprias mãos. Seus olhos antigos derrepente inundaram-nos e pudemos ver, o que até então não tinha tomado tanta dimensão...os significado profundo de sua arte e sabedoria astronômica, que a mais de 3 mil anos se mantém em seus povoados, "por las sendas de los chamanes."
(Tradução espontanea de meu sentimento sobre trabalhar na exposição de astronomia indigena na amazonia, expressando tambem o que li sobre o cosmos mayas de linda schele....(como ela mesmo disse..."picante pero saborosa" , uma grande artistas e a maior especialista da história da arte deste continente , sobretudo ao que se refere aos mayas....).


Que legallllllllllllll essa vida que vai se juntando como as contelações ( México, Guarani, Amazonia...)

obs: as imagens são do túmulo do rei Maya Pacal da cidade de Palenque... e representa o momento de morrer, Pakal ( rei Maya de palenque) cai pela via lactea, no horizonte do sul. Essa caida se denomina och be " se adentrou pelo caminho" A palavra Maya para a via lactea era sak be ( caminho branco) e xibalbá be "caminho de temor reverente")

Anita Moreira.

Alo amigos



Vejammmmmmmmmmmm essa animaçãoooooooooooo feita nos anos 50 pela disney sobre o Brasil...sobre a aquarela do Brasil que brinda com arte , poesia, a maravilha da natureza e do samba , a essencia de ser brasileiro......carioca e brasileiro. Foi ai que nasceu zé carioca!!!!!!! maravilhosa a animaçãooooo

beijos e aquele abraço

Anita.
 _______

aproveitando esta onda de interferências aqui vai outra parte desse filme. Aqui, o pateta na argentina dançando chacarera, caçando avestruz (!), comendo churrasco gaúcho de bombacha...

destaque pro valdisnei que aparece, pro desenhista gringo e seus desenhos legais e pro narrador que interpreta muito bem (mesma voz do zé carioca), que engraçado que é...
era 1942, os eua chegaram dominando sem erro, não dava pra resisitir, muito bom!

(na verdade acho que todo mundo ja viu esses filmes (menos a anita, hahahaha) mas acho otimo ter eles aqui no blog!)



Daniel

11 outubro 2009

My Girl

http://www.youtube.com/watch?v=ltRwmgYEUr8

G-E-N-I-A-L!

viva a coreô! viva The Temptations!!!

Clarice

***

Tomei a liberdade de fazer uma pequena interevenção aqui.

Achei essa coreografia muito bonita, bem ensaiada e dançada, mas o que mais me chamou a atenção foi esse toque ritualístico, africano e feminino que ela tem.

E na hora pensei nisso:



Sugestão: Vejam o vídeo do 'My girl' sem som e com a música do Baden Powell por cima.

***

Ah, e ainda queria por um vídeo que mostra um fenômeno musical nosso acontecendo ao mesmo tempo que a música americana, com a mesma qualidade



Isso sim que é samba! Chego a me arrepiar!

Lucas

09 outubro 2009

O CINEMA CONTEMPORÂNEO E CLAUDE DEBUSSY

É realmente imposivel que exista uma imagem cinematográfica que não tenha o suposto ‘verbo’, ‘substantivo’ e ‘adjetivo’, senão que apenas um deles? É dizer, o cinema está ou não - no contexto da época atual, o ‘cinema contemporâneo’ – sob a linearidade dos significantes? E em uma segunda esfera, se não há movimento sem ação e não há ação sem percepção - e portanto, sem percepção não há movimento -, como se dá a criação do movimento nos filmes do cinema contemporâneo se substituimos a ação pela afecção sozinha?

É quase um clichê dizer que o cinema contemporâneo está feito através do fracasso da imagem-ação, da acão sensório-motora, e que se prende muito mais a uma imagem-afecção, a situação óptico-sonora em que se põe os personagens e por consequência o espectador. Vemos um homem trabalhar; sua memória sendo semeada, assim como uma larva se esconde na terra negra. E o que se vê além disso? O fora de campo se infla em nossa imaginação e esse espaço extra-visual se mescla com os sentimentos do personagem. É isso que vemos no filme realizado por estudantes da Uba, aqui em Buenos Aires. A consigna era transpôr o trabalho de Debussy para uma outra plataforma (audiovisual). E se o filme se enquadra no panorama desse cinema contemporâneo ao qual nos referimos, é justamente por que ele recicla uma matéria-prima em uma nova norma gramatical cinematográfica em que predomina o minimalismo narrativo e uma ambiguidade generalizada digna do cinema de Antonioni. É o que chamam por aí de cinema de autor. Mas, justamente nos dias de hoje - a contemporâneidade - se pode falar de um cinema de autor? Porque vivemos nessa época do não-lugar que é a internet, a anarquia virtual que herdamos da luta pela liberdade dos 60'. Devemos esquecer o conceito de 'autor' e partir pra frente (ou retroceder ao que acontecia com a literatura grega antiga - antes dos poemas épicos. O anonimato. A liberdade de usar o trabalho do outro, de ressignificar o que quer que seja).

Como encontrar então uma nova forma de narrar num tempo em que a narrativa está a beira da extinção? Como criar algo 'novo' em uma época em que o original é a cópia?

Nesse trabalho que selecionei para postar aqui - nesse não-lugar à revelia - eles evidenciam justamente esse poder de narrar a história de um personagem através do que não se vê, através de tudo aquilo que ele refere menos que daquilo que se mostra dura e claramente. Debussy, se certa forma, também o fez - no campo da música. Conseguiu em determinada época mostrar uma melodia através da não melodia, através de tudo o que está afora da melodia. "A música orquestral de Debussy é a que corresponde melhor à sua imagem de impressionista. Em 1894, o Prelúdio à tarde de uma fauna, baseado no poema de Mallarmé, causou estranheza pela 'ausência de melodia': Debussy lançou na verdade, a sugestão de um tema melódico, sem desenvolvimento. Os Noturnos (1893-1899), O mar e Imagens para orquestra (1909) pareciam confirmar a imagem do músico vago, cujas melodias não tinham contornos definidos e cuja construção harmônica parecia desarticulada: o tom poético dos títulos confirmaria a imagem de uma música 'literária'. Mas a poesia estava na música, na liberdade melódica, na pesquisa dos timbres, numa nova construção harmônica. O efeito disso era uma nova e estranha sonoridade."

Debussy, então, foi o primeiro cineasta contemporâneo (fora de seu meio). Por mostrar através de um meio não imagético uma porção de luminosidades e desenfoques, por conseguir através do que está fora de sua música, fazer com que o ouvinte seja capaz de imaginar (ou seria sonorizar?) essa melodia escondida, mas iluminada pela sua ausência. O seu trabalho também era uma propria transposição: da literatura, para as alturas melódicas (ou as não-alturas).



PRELÚDIO À TARDE DE UMA FAUNA:

por: Claude Debussy





MELODIA PÁLIDA PARA UM HOMEM SOLITÁRIO:

por: Maria del Mar Andrés de Tejada
Maximo Ciambella
Melina Adiliberti
José Antonio Calvo

08 outubro 2009

ÊXTASE

"Deixa-te estar embalado no mar noturno
onde se apaga e acende a salvação.
Deixa-te estar na exalação do sonho sem forma:
em redor do horizonte, vigiam meus braços abertos
e por cima do céu estão pregados meus olhos, guardando-te.
deixa-te balançar entre a vida e a morte, sem nenhuma saudade.
deslizam os planetas, na abundancia do tempo que cai.
Nós somos um tênue polem dos mundos....
deixa-te estar neste embalo de água gerando círculos.
Nem é preciso dormir para a imaginação desmanchar-se em figuras ambiguas.
Nem é preciso fazer nada para se estar na alma de tudo.
Nem é preciso querer mais, que ve3m de nós um beijo eterno e afoga a boca da vontade e seus pedidos..."

CLARICE...

Queridos, obrigada por criarem um espaço no mundo onde tanta coisa boa pode ser compartilhada, essas palavras textos imagens imaginações ideias e ideais tem me alimentado muito a vida...seguimos compartilhando...
mensagens de amor , profundo, verdadeiro e realizado nunca é demais para ir no corpo do texto e do contexto da vida.

07 outubro 2009

chuva



O Esmagamento das Gotas

Eu não sei, olhe, é terrível como chove. Chove o tempo todo, lá fora fechado e cinza, aqui contra a sacada com gotões coalhados e duros que fazem plaf e se esmagam como bofetadas um atrás do outro, que tédio. Agora aparece a gotinha no alto da esquadria da janela, fica tremelicando contra o céu que a esmigalha em mil brilhos apagados, vai crescendo e balouça, já vai cair e não cai, não cai ainda. Está segura com todas as unhas, não quer cair e se vê que ela se agarra com os dentes enquanto lhe cresce a barriga, já é uma gotona que pende majestosa e de repente zup, lá vai ela, plaf, desmanchada, nada, uma viscosidade no mármore.

Mas há as que se suicidam e logo se entregam, brotam na esquadria e de lá mesmo se jogam, parece-me ver a vibração do salto, suas perninhas desprendendo-se e o grito que as embriaga nesse nada do cair e aniquilar-se. Tristes gotas, redondas inocentes gotas. Adeus gotas. Adeus.

(Julio Cortázar, no sortimento Matéria Plástica do livro "Histórias de Cronópios e de Famas". Tradução de Glória Rodríguez)