30 março 2009

pequeno cidadão

oi! venho por meio deste divulgar o novo cd que esta pra sair, rocknroll da pesada e pra crianças! o cd se chama Pequeno cidadão tem musicas com temas variados, tais como: sapo-boi, uirapuru, lagartixa, sol e lua, futzinho na escola, carrinho por tras, etcetera... todas as musicas ja estao disponíveis no myspace: http://www.myspace.com/pequenocidadao

o projeto conta com taciana barros edgard scandurra (vulgo mae e pai de mim) o arnaldo antunes e o antonio pinto (que fez, por exemplo, a trilha do cidade de deus). sem contar a participação de todos os 12 filhos (por ai). Duvido alguem acertar qual é a musica que eu fiz! beijo tchau

http://www.myspace.com/pequenocidadao

25 março 2009

O Brasão da Cidade

No início tudo estava numa ordem razoável na construção da Torre de Babel; talvez a ordem fosse até excessiva, pensava-se demais em sinalizações, intérpretes, alojamentos de trabalhadores e vias de comunicação, como se à frente houvesse séculos de livres possibilidades de trabalho. A opinião reinante na época chegava ao ponto de que não se podia trabalhar com lentidão suficiente, ela não precisava ser muito enfatizada para que se recuasse assustado ante o pensamento de assentar os alicerces. Argumentava-se da seguinte maneira: o essencial do empreendimento todo é a idéia de construir uma torre que alcance o céu. Ao lado dela tudo o mais é secundário. Uma vez apreendida na sua grandeza essa idéia não pode mais desaparecer; enquanto existirem homens, existirá também o forte desejo de construir a torre até o fim. Mas nesse sentido não é preciso se preocupar com o futuro; pelo contrário, o conhecimento da humanidade aumenta, a arquitetura fez e continuará fazendo mais progressos, um trabalho para o qual necessitamos de um ano será dentro de cem anos realizado, talvez em meio e além disso melhor, com mais consistência. Por que então esforçar-se ainda hoje até o limite das energias? Isso só teria sentido se fosse possível construir a torre no espaço de uma geração. Mas não se pode de modo algum esperar por isso. Era preferível pensar que a geração seguinte, com o seu saber aperfeiçoado, achará mau o trabalho da geração precedente e arrasará o que foi construído, para começar de novo. Esses pensamentos tolhiam as energias e, mais do que com a construção da torre, as pessoas se preocupavam com a construção da cidade dos trabalhadores. Cada nacionalidade queria ter o alojamento mais bonito, resultaram daí disputas que evoluíram até lutas sangrentas. Essas lutas não cessaram mais, para os líderes elas foram um novo argumento no sentido de que, por falta da concentração necessária, a torre deveria ser construída muito devagar ou de preferência só depois do armistício geral. As pessoas porém não ocupavam o tempo apenas com batalhas, nos intervalos embelezava-se a cidade, o que entretanto provocava nova inveja e novas lutas. Assim passou o tempo da primeira geração, mas nenhuma das seguintes foi diferente, sem interrupção só se intensificava a destreza e com ela a belicosidade. A isso se acrescentou que já a segunda ou terceira geração reconheceu o sem-sentido da construção da torre do céu, mas já estavam todos muito ligados entre si para abandonarem a cidade.

Tudo o que nela surgiu de lendas e canções está repleto de nostalgia pelo dia profetizado em que a cidade será destroçada por um punho gigantesco com cinco golpes em rápida sucessão. Por isso a cidade também tem um punho no seu brasão.

Franz Kafka - Narrativas do Espólio
Tradução de Modesto Carone (direto do alemão)

14 março 2009

O animal mais forte do mundo

SESC Vila Mariana
Dia(s) 27/03, 28/03, 29/03
Sexta e Sábado, às 21h; Domingo, às 18h


A companhia de Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira estreia a nova coreografia inspirada em festejos da cultura popular em fusão com o balé clássico e a dança contemporânea. O espetáculo é a segunda fase de um processo da dupla dividido em três obras: a primeira foi O Nome Científico da Formiga, que estreou em 2008, e a última fase está prevista para 2010. O elenco é formado por Ana Catarina Vieira, Ângelo Madureira, Ana Noronha, Carolina Coelho, Eduardo Fukushima e Luiz Anastácio. O espetáculo conta ainda com iluminação de Juliana Vieira. Direção de Fernando Faro.

(tá chegando... o que será da continuação do tão bem recebido 'Nome'? Quem for, verá... quem não for, que aguarde comentários)

arte no apartamento

Essa prática já existe em Paris, sei. Agora vim descobrir bem próximo, no Rio. Vejam.

http://projetoapartamento.blogspot.com

(enviado pela Marina Marchesan, integrante desse projeto)

Nekrópolis

Quando a arte chega ao seu sumo (ou quando vai em direção a ele) ela afeta as pessoas. Tocando as pessoas é impossível não mexer com o cotidiano, com a vida, com a cidade, logo com a política.
Um dos exemplos disso é, sem dúvida, Nekrópolis, a nova peça da Escola Livre de Teatro (ELT).
Incrível é ver pulsar tanta criatividade num só trabalho. Inúmeras novas linguagens teatrais, musicais, poéticas dividindo o palco, muito bem exploradas. Tantas sacadas, que martelam e culminam no que o país precisa: discussão, cultura. Cutuca a ferida que estanca como gangrena. Nos faz lembrar quem somos: humanos.

(ver informações sobre a peça no http://blogestradafora.blogspot.com)

Indeciso

Ai, hoje a gente vai dormir
Sem ter hora pra acordar
Puxa logo esse edredon
Vem comigo se enroscar
Eu prefiro não sair
E curtir teu aconchego

Ai, faz um cafuné em mim
Me cutuca se eu roncar
Que eu vou me esfregando em ti
Até você cochilar
Esse frio não é ruim
Faço assim a noite inteira
ai, ai, ai...

Ai, você não sai daqui
Ai, eu quero descançar
Ai, curtir minha solidão
Sem ninguém pra me amolar
Ai, você já pode ir
Tchau, fica com Deus, um beijo

Ai, eu não sei o que dá em mim
Não sei o que quero mais
Só me meto em confusão
Não sei como me livrar
Ai, não sei me decidir
Escolher o que desejo

(da Geração SP - geraçãosp.com.br - para quem ainda acha que SP não é criação artística, esse grupo - conhecido por acaso)

Carta do Pantanal

"(...) Eu e a Wania conseguimos aumentar o número de alunos de 30 para 38! Ainda assim anteontem veio uma menina de 8 anos chorando por uma vaga, tem outra mãe que também quer muito, e outra que a gente tá fazendo de tudo pra trazer, é outro caso, dos muitos que têm por aqui, de criança molestada pelo padrasto. Os pais também querem muito ser alfabetizados e crianças com mais de 14 anos também estão loucas para estudar, mas as escolas da região só vão até a quinta e as crianças ficam fazendo a quinta séria inúmeras vezes porque não querem parar de estudar. Viva Brasil!!!!! (...)"

(extrato de carta da Tais, de 8 de Março, de Corumbá)

12 março 2009

Le Roi A Fait Battre Tambour

Texto encontrado em 1842, em Sologne - França




Diz-se aludir ao Rei Sol, Louis XIV, ao mesmo tempo que seus personagens são reais.

O que mais gosto é o diálogo fixo "5 por 5", entre o Rei e o Marquês. Enquanto o Rei ordena, a batida é seca; enquanto o Marquês reclama é suave e triste.


Le Roi a Fait Battre Tambour, ou, O Rei Ordenou que Rufassem os Tambores.

Le roi a fait battre tambour

Le roi a fait battre tambour

Pour voir toutes ses dames

Et la première qu'il a vue

Lui a ravi son âme


Marquis, dis-moi, la connais-tu?

Marquis, dis-moi, la connais-tu?

Qui est cette jolie dame?

Le marquis lui a répondu

Sire roi, c'est ma femme


Marquis tu es plus heureux que moi

Marquis tu es plus heureux que moi

D'avoir dame si belle

Si tu voulais me l'accorder

Je me chargerais d'elle


Sire si vous n'étiez le roi

Sire si vous n'étiez le roi

J'en tirerais vengeance

Mais puisque vous êtes le roi

votre obéissance


Marquis ne te fâche donc pas

Marquis ne te fâche donc pas

T'auras ta récompense

Je te ferai dans mes armées

Mon maréchal de France


Adieu ma mie, adieu mon coeur

Adieu ma mie, adieu mon coeur

Adieu mon espérance

Puisqu'il te faut servir le roi

Séparons-nous ensemble…


La reine a fait faire un bouquet

La reine a fait faire un bouquet

De jolies fleur de lys

Et la senteur de ce bouquet

A fait mourir marquise…




Em português, a letra vai mais ou menos assim:
(tradução própria)




O rei ordenou que rufassem os tambores

O rei ordenou que rufassem os tambores

Para ver todas as damas

E a primeira que viu

Capturou-lhe a alma


Marquês, dize-me, a conheces?

Marquês, dize-me, a conheces?

Quem é esta bela dama?

E o marquês lhe respondeu

Senhor rei, é a minha mulher


Marquês, és mais feliz que eu

Marquês, és mais feliz que eu

Por teres tão bela dama

Se desejas ver-me feliz

Eu me incumbirei dela


Senhor se não fôsseis o rei

Senhor se não fôsseis o rei

Já me haveria vingado

Mas como sois o rei

A vós serei obediente


Marquês não te aborreças

Marquês não te aborreças

Terás tua recompensa

Far-te-ei junto ao meu exército

O Marechal de (minha) França



Adeus minha querida, adeus meu coração

Adeus minha querida, adeus meu coração

Adeus minha esperança

Porque a ti servirás o rei

A modo a nos separar...



A rainha ordenou que fizessem buquês

A rainha ordenou que fizessem buquês

De lindas flor-de-lis

Cujo olor de tais buquês

Fizesse matar uma marquesa

06 março 2009

O amor

Às vezes o amor é isso: aprender que a perfeição não existe e por isso sair de si. Então, num susto maior, a perfeição se faz, calada, feia, problemática, única que vi. A perfeição humana.

Poética filosófica ou Estética hermética (ou...?)

(...) Não me interessa a concepção deles, mas a poética que aflora neles (...)

(Extrato de um texto que ainda não existe)

France, deux esquisses

Ela dissimulou: disse: queria ter filhos com o namorado dela. Disse isso um segundo depois de perceber que o meu corpo pensava nela. De fato eu já desejava-a, com todas as forças. Arrebatá-la de seu namorado e levá-la comigo, com seu jeito igual a todas as francesas; feminista, dominadora, irredutível.
Mas vi que não era nada - o amor se foi e segui eu, sozinho, mais um pouco.
A chuva tá solta no vento, estranha
Faz que cai mas não cai

O calor continua
O vento faz que venta mas só confunde
Faz barulhos nos galhos

Os passarinhos devem estar em suas casinhas
Já não fazem mais a folia costumeira

-Os pássaros são mais alegres que os franceses
Mas eles têm muito mais medo...

Devem estar escondidos, no escuro
Preocupados com o barulho e o frio
(que os assustam)
úmidos
Pensando em nada

Se eles pensassem, pensariam:
No frescor do dia seguinte
no orvalho do dia seguinte
no céu azul do dia seguinte.
Pensariam em dormir logo
para acordarem em família e a salvo
para se prepararem para a folia do dia seguinte...

A chuva toca as folhas, mas não chega ao chão
muito menos refresca,
neste meio de verão
Francês.

(Agosto.2009 - Toulouse)

01 março 2009

Doença Crônica

Começou assim de mansinho, quando eu era pequeno:

No meio do passo rápido, (num dia daqueles cheio de passos rápidos) parei e ouvi. Ué. Tá lá, eu tô aqui. Parei e ouvi. Não é assim que a música funciona? O rádio em cima da estante de madeira, detrás de uma porta de vidro, num universo que não me pertencia.
Quando se está na rua, o estabelecimento comercial encerra-se em si mesmo, impossibilitando ao passante de não-entrar. É praticamente impossível hoje, numa cidade como a cidade de São Paulo, entrar e não consumir.
Eu quebrei esta regra - e veja bem - não porque bem queria quebrá-la, mas o som não respeita linha, porta, calçada, vizinho e ouvido. Muito menos ouvido. Eu consumi o que aquele lugar havia para oferecer, querendo ele ou não.

Peguei o bloquinho (um dia de passos requer sempre um bloquinho) e anotei.

Nessa brincadeira do bloco, entre uma e outra escrita, percebi que não se tratava de uma simples curiosidade. Junto à anotação, associa-se um fiel companheiro: o Google; ferramenta primordial para qualquer ser urbano, proporcionando o descobrimento de qualquer música, seja lá qual for, se uma frase o tiver, e em questão de segundos você já a está ouvindo seguidamente, como que decorando o refrão, ou vendo o clipe no youtube.

A internet cresceu comigo. Neste tempo anotei cinco mensagens de texto, dezena de frases, uma quinzena de folhas. O recheio delas permanece intacto, até o momento em que se clique "search" e à partir daí o mundo desdobra-se do papel, sai do 2D.

O problema é que a lista vai tornando-se cada vez mais ampla, e o meu "momento-google" cada vez mais curto. Enquanto isso, o caderninho vira uma colcha de retalhos, esperando o momento certo para esvaziá-lo, de tanto peso e de tanto som que ele carrega.

Vai mais uma do caderninho. Dessa vez, de um amigo meu, que cantarolou, assim como quem não quer nada. Mal sabia ele que estaria no caderninho algum tempo depois.

Será que o Google pode achar a cura pra isso?

Gero Camilo - Vai Desabar