22 junho 2009

Eu ainda preciso amadurecer uma idéia.
Ela me veio; como obra pré-formatada e não como uma inspiração.

Veja a diferença:
Se a idéia viesse como uma musa, eu sentado debaixo de uma pessegueira, escrevendo em meu caderninho de devaneios, numa bela tarde outonal, aí sim seria acometido em realizá-la, dar-lhe a forma que merece.

Mas estou mais para ator coadjuvnte nessa história, e nela não há caderninho de devaneios muito menos árvores pessegueira. Percebi ontem que ter um papel secundário - não em relação a você mesmo, mas em relação ao Público em geral - não é assim tão ruim. Você pode escolher seu caminho mais livremente, morrer na amargura do anonimato (a Besta do século XXI) e rir-se postumamente, como fez Brás Cubas.

Por enquanto, nada além dessa minha imagem a passar para os outros.
Ela causa uma certa reverberação, admito, mas como toda pedrinha n'água um dia afunda e aquieta-se.

Não é tristeza.

3 comentários:

Clarice disse...

tradução perfeita. você é foda!

d scan disse...

concordo, mas talvez seja mais dificil morrer anônimo... quem é anonimo? bras cubas nunca foi

anonimatoanonimatoanão

Chico disse...

Você está certo, Brás Cubas nunca o foi, mas o que quero dizer é o jeito como se busca o reconhecimento como forma única de "salvação".

Não é a toa a televisão cria deuses, por assim dizer.

Mas eu discordo, acho que muitos Caios e Franciscos morrem todos os dias sem qualquer reconhecimento, e não acho (talvez) que isso seja indigno.
Acho que o valor que a convenção dá para famigerados, em sua maioria, é demais.

Um exemplo clássico dessa contracultura é a Marilena Chaui. Ela tem até um verbete na Wikipédia, mas duvido que seja abordada na rua, com fãs histéricos pedindo autógrafo pros filhos.
Seria interessante ser um Mick Jaegger da vida, mas por ter produzido algo realmente incrível como ele fez, não por ter sido vendido assim, prontinho, como muito se faz por aí...