30 janeiro 2010

Não queria essa ressaca. Esse gosto de cigarro fumado na boca. Esse dormir quando os outros acordam. Não queria que ele a achasse só gostosa. Mas não queria muito mais do que isso, porque muito mais do que isso não daria certo ser. Queria sair pela rua mas sentia sono ressaca e gosto de cigarro fumado na boca. Acendeu um cigarro de frente para a tela em branco que a encarava, sombria. Sorriu. Fumou. Pensou. Lembrou da noite. Lembrou da noite. Por tantas e tantas vezes naquele dia tudo o que tinha feito era lembrar da noite. Ele assim. Ela na parede. Assim. Difícil não ficar pensando depois. O hoje quase ainda não tinha existido de tanta lembrança forte que o ontem tinha deixado. Resolveu dormir um pouco mais. Preciso ficar quieta. Mas a quietude não gosta dela. A quietude a massacra. A queitude grita no interior do seu ouvido um pagode na rua bem alto que atravessa o vidro da janela do seu quarto. Seu quarto não é imune ao ruído. Ninguém é.

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