Projeto: tomada de coragem, exposição do transcendental-sei-lá-o-quê do pensamento em papel.
Acho que quando construíram essa cidade, e aqui me refiro a Buenos Aires, agradou-lhes a idéia de amplas avenidas, pouquíssimos viadutos (vê-se dois na cidade inteira) e muitos, mas muitos parques e praças e gentes e carros e kioskos.
Muito se fala que B.As. é a Europa da América da Sul. Eu afirmo o contrário. Buenos Aires para mim é um enlace entre gigantismo sulamericano, no que diz respeito às suas gentes e territorialidades, dinâmica amorosa latina (ver post sobre latinidade) e cultura afiada na ponta da língua.
Pobre de mim se a buscasse como uma Paris escondida nos cafés, uma Londres nos leitores do metrô, uma Colômbia na eterna cúmbia dos passantes da Avenida Corrientes. Comparar é encaixar peças amorfas num tabuleiro decididamente estático, pode-se observar à distância mas nunca agregá-las a um corpo uno. Nós, da contracultura tipicamente eurocêntrica - como se os Estados Unidos fossem todo o mau do mundo - nos vangloriamos de um projeto que não é nosso, e tentamos fazer deles, os nossos planos.
No Lonely Planet deveria haver um aviso bem grande na sessão inicial:
"Se você procura o charme da Europa, vá para a Europa. Buenos Aires é tão só um ponto assim latino, encrustrado no Rio da Prata, com excelentes paseos e museus. Bem-vindo!"
4 comentários:
ah os kioskos...
puxa, como cê escreve bem!
Nossa. Muito bem.
Um dos pedaços latinos em Buenos Aires: o pedaço brasileiro.
http://www.vimeo.com/4203410
Do nosso querido Octávio.
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