30 novembro 2009
RIO DE JANEIRO
Rio, Rio de Janeiro,
quantas coisas tenho
para te dizer. Nomes
que nunca esquecerei,
amores
que amadurecem o seu perfume,
encontros contigo, quando
do teu povo
uma onda
agregue ao teu diadema
a ternura,
quando
à tua bandeira de águas
subam as estrelas
do homem,
não do mar,
não do céu,
quando
no esplendor
da tua auréola
eu veja
o negro, o branco, o filho
da tua terra e do teu sangue,
elevados
até à dignidade da tua formosura,
iguais na luz resplandecente,
proprietários
humildes e orgulhosos
do espaço e da alegria,
então, Rio de Janeiro,
quando
alguma vez
para todos os teus filhos,
e não somente para alguns,
abrires o teu sorriso, espuma
de morena náiade,
então
eu serei o teu poeta,
chegarei com a minha lira
para cantar em teu aroma
e na tua cintura de platina
dormirei,
na tua areia
incomparável,
na frescura azul do leque
que tu abrirás no meu sono
como as asas de uma
gigantesca
borboleta marinha.
Pablo Neruda, Ode ao Rio de Janeiro 1953.
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Um comentário:
sinto que pra mim o rio nao existe ainda (só em forma de pulga atras da orelha). Ó rio! até quando?
que foto linda, preciso sentir essa paisagem.
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