14 dezembro 2009

A porta estava aberta, foi entrando devagar e decidiu-se sentar. Agora me olhavam de soslaio e não procurei mais um esconder-me por de dentro. Ousei abrir delicadamente qualquer perna fazendo um gesto distinto – para algum que me calhava aos lábios. Sempre existe o que suporte a traição. Acostumei-me a ser discreta e a cumprir o mesmo movimento. Talvez, esta noite o seco perfuraria a terceira dimensão e estaríamos livres. É: um dia me disseram que ele viveria o sangramento. E os olhos bem concisos então se manifestaram sem a cerimônia do acaso, mas a do destino. Com mãos trêmulas de ossos grandes procurou se acudir em um rosto que o atravessasse entre nós e o chão. Como aquilo que chamamos de crosta. Ele ligado por um fio que era eu, tanto o fazia quem o foi – mas a realidade plena entre sensações inexistentes para cada corpo convém sempre às mãos frias.