Disseram-me que eu não posso voar. A vida toda me tentaram convencer de que somente o passarinho, o Super-Homem e o avião podiam realizar tamanha façanha.
Eu mesmo discordo. Eu sei que posso voar, como JÁ voei inúmeras vezes por aí em campos abertos, em cidades desconhecidas, na própria sala de aula da minha antiga escolinha, ou em cantigas de roda de uma festa junina qualquer.
Eu não estou falando de poesia não, de metáforas kafkanianas, da abstração do puro ser. Sou da turma do copo cheio, que vê beleza nos aspectos menos concretos dessa vida humana de carne osso. Eu vôo.
Quando fecho os olhos à noite, se estou descansado, eu posso correr por quilômetros e quando sinto que estou preparado para encarar de vez o suspense, dou um pulo e tudo mais vira silêncio.
Quem aqui nunca voou? Acho difícil...
Conheço tão bem essa sensação gostosa de flutuar no vazio quanto o ato de segurar um copo d'água defronte à pia. Sei qual é a sensação de se cair num abismo de mil metros e morrer no final. É a brincadeira do vida-e-morte entre o Universo de Si e o Universo dos Outros. Ora o dia te joga para a noite, ora a noite te joga de volta para o dia (num grande susto, por saber que você continua - felizmente - vivo).
Só porque estamos deitados, cobertos por nós mesmos, não significa que aquilo não seja real.
A noite é tão irreal para o dia quanto o dia para a noite. Nela - à noite - o Universo se cristaliza em mim e por isso posso impôr as regras que quero. Na noite sou Deus. E hoje eu quero voar!
De dia o oposto acontece. É o jogo de espelho da Alice. O Universo ali presente não é meu e por isso não controlo as regras do jogo. Mas isso não significa que seja mais real, ou mais valoroso.
02 dezembro 2009
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5 comentários:
Amei!
Uh!
Very good!
legas
ando flutuando com pés no chão! lindo!
beijo querido chico!
que lindo, vizinho...
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