"No limite ou a coisa vai pro lado Bauhaus e isso vira design, e a Lygia (Clark) vira um objeto que todo o mundo compra, ou que fica associada a algum objeto de uso; ou então essa institucionalização, que é você ver uma coisa que era, digamos assim, negativa em relação ao museu no museu, a gente tem que dar conta disso e aceitar isso.
É um pouco frágil demais você, diante do mundo atual onde o Hélio Oiticica vale 1 milhão de dólares, onde o que ele precisa é de uma institucionalização bem feita, de uma catalogação bem feita, de catálogos, de exposição, etc., você ficar lamentando que a negatividade dele não esteja lá.
Quer dizer, eu adoro ir a Inhotim aqui e ver aquela praça dele. Agora, claro, aquilo está numa praça, no contexto duma coleção, uma coisa toda engessada.
Quer dizer, eu acho que o poder de negação do Helio ainda é vivo. Mas ele é vivo passando por uma mediação que ele mesmo não supunha, e isso está lá.
Quem supunha era aquele chato do Marcel Duchamp. Esse foi um cara que entendeu isso cedo, que entendeu que: “Ô Picasso, tem um negocio chamado museu aí e tal”.
Quer dizer, ele entendeu isso em 1912, com o primeiro ready-made. está bom.
Agora isso é um lado, quer dizer, também ficar repetindo essa Boutade não dá nada, e o Duchamp sem o Grande vidro, que não tem nada a ver com isso, era um artista menor. Quer dizer, o grande vidro é uma obra de imaginação poderosa, que abriu um capítulo novo na arte moderna e etc, etc, etc. (...)
Então isso é um preço d`a gente estar vendo o Hélio, um preço daquilo estar legal, daquilo estar bem exposto, daquilo ser acessível.
Eu acho que cada um fazer o seu parangolé está bom. Eu nunca vou ter saco de fazer o meu parangolé, mas até aí ele não teria nada contra, faça.
Agora é óbvio que a tensão de você ver um parangolé é um negocio que é insubstituível, lógico que não é a mesma coisa que eu fazer o meu, isso é um absurdo.
É totalmente maluco, eu vi aquilo, lembro quando eu tinha vinte e poucos anos, na Galeria São Paulo teve uma exposição dos parangolés, uma coisa importantíssima para mim, decisiva para mim, num contexto careta, galeria, o que for.
Além do que, ele expôs na pièce do MAM, ele, ele expôs na White Chapel. O Helio.
Ele também não foi refratário ao discurso institucional, ele não expôs no morro da Mangueira, entendeu? Não é verdade. Ele expôs no MAM, quer dizer...por contraste baixaram aqueles caras e fizeram.
Agora esse contraste a rede Globo dominou, tem a Globo no meio. Se você pegar os caras da Mangueira e puser no MAM, a globo já filmou isso no horário das 8. Acabou, não tem mais, quer dizer, já foi, não podemos ficar...
Quando o Gerald Thomas mostra a bunda, só ele não notou que queriam que ele mostrasse a bunda que aquele texto já foi dado a ele. O público pedia, ninguém ficou mal com ele baixar a calça, entendeu?
Quer dizer, essa relação entre arte e público já deu muita volta. Não tem mais jeito de voltar para uma coisa de contraste entre a obra de arte e o mundo que havia nos anos 60."
Em entrevista http://www.youtube.com/watch?v=PDSO6QlNEMQ
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4 comentários:
So que quando eu mostrei a bunda eu fui preso, seu imbecil e impedido de voltar ao Brasil, a nao ser via habeas corpus e gastei 22 mil dolares in lawyer's expenses.
Vc nao sabe porra nenhuma, seu provinciano de merda
Se fosse hoje em dia o próprio Gerald iria ganhar os 22 mil dólares, e com direito a uma entrevista full-page na Bravo! dizendo "linda bunda! US$22.000 - aproximadamente R$44.000"
e eu q nem sei quem é esse geraldo, o que ele fez de legal?
Gerald, pegou pesado, Nuno Ramos é o melhor artista plástico da canteporaniedade. Sabias disso?
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