28 outubro 2010

Dia da Mulher, me inclua fora dessa!


(texto de Karina Buhr, extraído do http://mtv.uol.com.br/karinabuhr/blog. Foi escrito no dia das mulheres, mas vale para sempre)



No dia que mulher puder andar na rua sem camisa e eu, por minha vez, puder falar sobre isso sem ser ridicularizada, a gente conversa!

O dia da mulher eu odeio, mas ele chegou e isso me enjoa e preciso dividir com você, pobre vítima.

Antes que eu me esqueça, universo feminino é o caralho!

8 de março.

Algumas mulheres que conheço tem pavor de ir em médicas. Só aceitam médicos, não sabem explicar bem por que, mas não confiam em mulheres pra esses assuntos.
Uma amiga amada ia marcar o parto no hospital e adiou um dia o nascimento do filho pra poder fazer a cirurgia cesariana com um homem.
Lembro disso com uma tristeza danada.

Outra amiga ficou puta com uma dentista que fez um serviço mal feito na sua boca e jurou que dali em diante "mulher dentista nunca mais!". E assim seguimos.


Dia da mulher é meio dia das mães pro mercado. Faz a gente lembrar de todos os eletrodomésticos que nos faltam ou os que temos do modelo antiguinho, os que já dão um choquinho.
A palavra “mulher” no mercado, lembra louça pra lavar, roupas no varal, violência contra a mulher, delegacia da mulher, casamento, sim, por que do jeito que dizem parece que os homens casam obrigados, com loucas que os ameaçam com facas nos pescoços...
Ai, socooooorro! Paaara com isso, pelamor!

Não faz muito tempo que rolou o chamado “caso Eloá”, que acompanhei cada segundo, por que não conseguia me desligar daquela situação absurda e violenta, que acontecia com conivência total de vários veículos de imprensa e da polícia também.
Crimes desse tipo, em que o homem “apaixonado” se sente dono da mulher e a mata ainda são muito comuns e aceitos.
No caso de Eloá, coitada, o cara estava na mira da polícia que, nesses casos, tem permissão pra atirar, mas o comandante falou ao vivo que pensou no filho, que não iria matar um rapaz apaixonado. Pouco tempo depois o rapaz apaixonado matou a menina.
Fosse uma mulher com um revólver apontado pra cabeça do seu par, seria uma louca, histérica e não uma “moça apaixonada”.

Do “caso UNIBAN” não vou nem falar mais nada, mas não posso deixar de citar.
Ah! Pernambuco continua sendo campeão de violência contra as mulheres.

Tudo isso me enlouquece.
As propagandas de sabão em pó e produtos de limpeza do lar me dão náusea.
As de cerveja também.
É tudo muito cafona e desrespeitoso.
E de novo na TV, todo 8 de março, em todos os canais, aquelas matérias cafonas sobre trabalhar e “não deixar de lado a preocupação com a beleza”.
Fodam-se!

As reações nossas são muito lentas!
Já deu tempo, vamo se coçar, vamo procurar saber!

Sinceramente não tenho paciência pra discutir mais essas coisas nesses termos.

Por que não sai do raso?

Tem medo de tubarão?

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