Desta vez eu leio a mesma opinião e, contrário à primeira escuta, acredito.
Essa nossa geração é a geração do "fez-por-merecer".
Que mal tem chamar a menina de PUTA? Afinal, ela provocou ao desfilar de mini-saia nos corredores de uma universidade, centro de pesquisa e ensino.
Eu achei tudo isso uma barbárie. É a verdadeira Geni, do Chico Buarque, sendo apedrejada por um bando de moleques sem temperamento, ou discernimento do convívio social.
Texto retirado na íntegra do site Boteco Sujo, onde tudo começou...
(Bem) escrito por Fausto Salvadori Filho:
"
Como uma universidade conservadora contemporânea, a Uniban se exprime numa linguagem própria, que nem todos podem compreender com facilidade. O Boteco Sujo resolveu dar uma força e vai traduzir os trechos mais obscuros do anúncio em que a universidade comunica a expulsão da aluna Geisy Arruda, condenada pelo crime de ser xingada de "puta, puta" por uma multidão enfurecida. Aí vai, do unibanquês para o português coloquial:
"A educação se faz com atitude e não complacência"
No dicionário da Uniban, atitude é o que a universidade adota quando expulsa uma estudante agredida e complacência é quando livra a cara de centenas de alunos que a agrediram.
"A sindicância apurou que, no dia da ocorrência dos fatos, a aluna fez um percurso maior que o habitual aumentando sua exposição e ensejando, de forma, explícita, os apelos dos alunos que se manifestavam em relação à sua postura, chegando, inclusive, a posar para fotos. Novamente, a aluna optou por um percurso maior ao se dirigir ao toalete, o que alimentou a curiosidade e o interesse de mais alunos e alunas, tendo início, então, uma aglomeração em frente ao local."
A Uniban entende que um corpo feminino é a fonte de todo mal e, portanto, deve ser restringido ao máximo. Seu raio de movimentação deve ser restrito (nunca fazer percursos maiores do que o habitual!) para não aumentar sua exposição e fotos de tais indedências devem ser terminantemente proibidas.
"Depoimentos de colegas indicam que, no interior do toalete feminino, a aluna se negou a complementar sua vestimenta para desfazer o clima que havia criado."
Complementar a vestimenta = adequar a indumentária da aluna aos padrões contemporâneos. Contemporâneos aos do Afeganistão nas regiões pró-Taleban, é claro.
"Foi constatado que a atitude provocativa da aluna, no dia 22 de outubro, buscou chamar a atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar, o que resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar."
Cuidado para um erro comum. Em unibanquês, defesa do ambiente escolar não signfica, por exemplo, lutar contra a direção de uma universidade que mantém cursos não reconhecidos pelo MEC, Defesa do ambiente escolar significa filmar as coxas de uma loira com o celular, ameaçá-la de estupro e gritar "PUTA, PUTA" a plenos pulmões, dentro o ambiente esperado de uma universidade como a Uniban.
"Nesse sentido, cabe aqui registrar o estranhamento da UNIBAN diante do comportamento da mídia que, uma vez mais, perde a oportunidade de contribuir para um debate sério e equilibrado sobre temas fundamentais como ética, juventude e universidade."
Estranhamento diante do comportamento da mídia = não entender por que é que não puxaram nosso saco e divulgaram só o que a nossa tão bem treinada assessoria de imprensa tinha a dizer?
ética = dinheiro
juventude = dinheiro
universidade = dinheiro
"Para tanto, convida seus alunos e alunas, professores, funcionários, a comunidade e a mídia para um ciclo de seminários sobre cidadania em data a ser oportunamente informada."
E vejam algumas das palestras deste ciclo de seminários:
Mahmoud Ahmadinejad e Avigdor Lieberman - Respeito à diversidade
Hugo Chávez e Roberto Micheletti - Liberdade de expressão
José Sarney e Yeda Crusius - Ética na política
Eduardo Azeredo e Daniela Cicarelli - Liberdade de expressão na era digital
Falando nisso, aliás, é bom dar uma olhada em alguns comentários que os gringos fizeram sobre o caso Geisy no site Huffington Post. Cito alguns:
Wow, had to check that this wasn't in a midwest school or in Colorado or something.
[uou, tive que verificar pra ver se isso não era uma escola do meio-oeste americano ou no colorado, ou algo do gênero]
Guess hypocrisy has no national borders.
[acho que hipocrisia não tem fronteiras]
[que bando de HIPÓCRITAS anti-mulheres]
Brazil.....isn't that where they run around naked at the beach? Didn't know they were such prudes.
[Brasil.... não é lá onde eles andam pelados na praia? Não sabia que eles eram tão podicos]
Seems like the Republicans migrated south.
[parece que os republicanos migraram pro sul]
On a scale of stupid ragning from 1 to 10, with ten being the stupidest, these Brazilians certainly rate a 10.
[numa escala de estupidez de 1 a 10, sendo o 10 o mais estúpido, esses brasileiros certamente tiram um 10]
Logo os americanos, tido como tão conservadores, parecem ter mais juízo do que a gente.E, para quem ficou indignado com o caso Geisy, o programa de hoje é o seguinte: Protesto em frente à Uniban, na Avendida Dr Rudge Ramos,1701, em Sao Bernardo Do Campo (SP), a partir das 18h. Vá e, se for mulher, não esqueça de vestir sua minissaia. Rosa choque, de preferência.Veja mais detalhes aqui e assine o abaixo-assinado.
"
11 comentários:
gil disse,
"eu passei muito tempo, aprendendo a beijar outros homens....
como beijo meu pai"
queria escrever mais, mas "só eu" ando comentando nesse blog, vou dar um tempo tb...
então só escrevo que eu ainda não aprendi. dificil a cultura né? o que diriam os da argentina?
Ah, que mal tem?
Descobri que os assuntos vêm assim mesmo. Eu mesmo fiquei uma cara só comentando aqui, pra não perder a força.
Atualização, segundo comentário no youtube:
marquinhosigor (1 hora atrás)
A unibambis-talibã revogou a expulsão da aluna geysa, sua pena será convertida em 100 chibatadas no pátio na hora do lanche.
Meu, que história absurda! simplesmente desacreditei! dou uma semana pressa mina aparecer no faustão (com o mesmo vestido, é claro). Ou isso, ou o eterno olvido.
e é mesmo dáni, noto uma leve cessão no envolvimento. Eu mesmo confesso meu sumiço à revelia...
Voltarei à tona!
E po, aqui, como é sabido, homem se beija, por cumprimento.
Mas só quem é daqui tambem, quem é de fora acha bem estranho e precisa aprender igual. Só de cumprimentar, ce ja nota quem é estrangeiro, ce vai beijar o cara e ele fica todo sem jeito, incomodado. É uma trava que eles têm. Mas é isso que rola mesmo, uma trava. Tola. Depois que você acostuma, ce nota o quão natural isso é. Po, encontrou, conheceu alguem: beijo. Por que não? É carinho, é afeto, é humildade.
Como diria Gilberto, "diga a ele que eu quando beijo um amigo, estou certo de ser alguem como ele é..."
E engraçado é ver os argentinos, esses (que são varios) mais metidos a machotes, a vidaloka, se dando beijinho. É lindo. Aí ce vê como ja é natural mesmo. Policial se beijando tambem é algo a se apreciar.
Mas o mais legal é que isso é uma coisa recente, que os jovens começaram a uns vinte anos atras, no más. Quem tem cinqüenta ou mais ja não beija. Ou seja, o beijo masculino é uma coisa implantável.
Por isso inicio aqui uma campanha. Vocês, homens, ao encontrarem um amigo, beijem-no. No começo vai ser estranho, mas vocês tambem vão logo se sentir bem, mais próximos, mais íntimos, mais amigos até. Por que esse afastamento, essa distância física entre os homens, essa trava?
Orgulho hétero é a maior baboseira que há. É ultrapassado. Você só pode demonstrar consideração e afeto pelas mulheres, senão ce é gay?
As mulheres são muito mais unidas entre si do que os homens. Isso é atraso puro. Vem da retardada história de rebaixá-las, elas tiveram que se unir para conquistar seu espaço num mundo (terrivelmente) conduzido pelos homens, e na base do cada-um-por-si.
Elas mais uma vez estão um passo à nossa frente, ou nós homens é que seguimos atrasados?
Homens, uni-vos.
Beijêmo-nos, evoluamos. E evoluir significa ir na contra-mão desses robôs individualistas em que estamos nos transformando.
Fica aqui minha proposta É dificil, eu sei, mas se começarmos beijando nossos amigos, em uns dez anos vai estar todo o mundo se beijando, e vai ser uma alegria!
Dáni: você consegue, força guri!
UM BEIJO pra todo mundo!
Muito bom esse texto, Chico.
A verdade é que não se espera nada dos alunos da UNIBAN de São Bernardo.
Pior, acho que tudo isso não passa de marketing.
A mulher ainda não deixou de ser o Anticristo para essa sociedade.
(e o pior é que elas mesmas não se unem, contrário ao que o Coh afirma logo acima)
Ah, e esse 'nosso' machismo é mesmo lamentável, um conservadorismo absurdo, católico.
As vezes eu até esqueço que vivemos no século XXI...
Ha mulheres e mulheres, assim como ha homens e homens...
mas eu não tenho duvida que elas são muito mas unidas do que a gente, e que só assim é possivel conquistar algum espaço.
E eu não estou falando de feminismo, militância, e sim de cooperação e reconhecimento.
fora que eu falava da distância física, que é um grande passo à união.
Nesse sentido elas estão sim pero léguas mais próximas.
Isso tudo aconteceu porque esses homens que praticaram o linchamento não tavam se aguentando de tesão e desejo pela força catártica, dionisíaca e bacante que esta mulher de minissaia pink e pernas bonitas provocou neles. O problema é que estes homens neandertais, ao reprimirem o vulcão do desejo que explodia ali dentro (uau!), não puderam se conter e ne se conformar com o fato de que aquela mulher não podia ser deles, ali. E isso provocou uma raiva, que misturada com o tesão reprimido, explodiu em vulcão de ódio. Estes pobres homens que não sabem lidar com a sexualidade e com os desejos, que repudiam os homossexuais porque é tudo o que no fundo eles queriam ser, que xingam as mulheres que não querem dar para eles, estes trogloditas tinham que entrar numa escola de teatro e aprender a tocar o corpo do outro.
Eu voto no Coh: instituição dos beijinhos entre amigos!!
Tesão dos homens e inveja das mulheres.
É muito fácil falar q foram os homens, quando sabemos q a única coisa q controla um homem é uma mulher.
(evidente q a distancia entre homens é muito maior. Leiam 'Grande Sertão: Veredas', para ver os meandros de tudo isso)
E como diria Guimarães: "viver é muito perigoso".
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