Hoje escrevo
Porque ontem eu e meu namorado assistimos ao assalto mal sucedido de sua Variant, a Jabiraca amada de todos nós, herança do saudoso seu Aldo (que sequer tive o prazer de conhecer), avô do meu namorado. Algo maior que existe neste mundo e que não se chama coincidência nos levou de encontro ao exato instante em que um homem vestido de laranja e preto arrombou a porta do carro, entrou e deu a partida. Desesperados e destrambelhadamente, conseguimos impedir o assalto.
Porque antes de ontem, minha amiga estava saindo do Espaço Unibanco de cinema e foi atingida por uma bala perdida de chumbo. A bala está cravada na sua canela e fez um buraco na sua pele.
Porque hoje o Fusca do meu irmão foi roubado na frente da Biblioteca da FFLCH, na USP, enquanto ele consultava livros de filosofia.
Hoje escrevo porque me indigna – em doses crescentes de indignação – a situação da falta de amor, da falta de dinheiro, desta desigualdade medonha que nos assola,da miséria de espírito, do respeito mixo que envolve os seres humanos, do nada que nos une, do ódio que cresce, da cara de pau, da injustiça, da maldade que cresce a cada dia nos Homens. Não há possibilidade de rumar a uma convivência harmônica, de evolução, de união, numa situação em que a falta de confiança é regra pra sobreviver, em que se é incapaz de se colocar no lugar do outro, de se pensar além do umbigo próprio, onde se dar bem atravessando os outros é bem visto por alguns. É triste e desesperador. Em três dias, tive amostras (em pequena escala, eu sei) da falta de caráter mais horrorosa daqueles que convivem comigo neste mundo.
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Um comentário:
ontem, provavelmente ao mesmo tempo um amigo viu um rapaz levar um tiro na porta de sua casa, pulando de um carro em movimento ao fugir de um sequestro relâmpago.... É Sampa-City!
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